Moscovo usa câmaras de vigilância para seleccionar recrutas


As autoridades de Moscovo estão a utilizar câmaras de vigilância para localizar os jovens russos que cumprem os requisitos para cumprir o serviço militar obrigatório, anunciaram fontes oficiais.

"Para detectar os locais de residência dos recrutas estão a ser utilizadas câmaras de vigilância de Moscovo”, disse o comissário militar chefe da capital russa, Maxim Loktev, citado pela agência noticiosa TASS.

Loktev acrescentou que um dos principais motivos para não comparecer nos centros de recrutamento tem sido o envio da convocação para moradas diferentes das dos potenciais recrutas.

Na semana passada, o Presidente russo Vladimir Putin promulgou uma lei que persegue os homens em idade de combater e que não pretendem alistar-se no Exército, sejam recrutas ou reservistas.

A lei proíbe abandonar o país aos cidadãos que são notificados para se apresentarem nos centros de recrutamento. Os russos têm um prazo de duas semanas para se apresentarem após a notificação por escrito ou por via electrónica.

Caso as pessoas notificadas não compareçam nos centros num prazo de 20 dias, será restringida à sua possibilidade de iniciar um negócio, autorização para conduzir, comprar imóveis ou solicitar um crédito bancário. O documento cria ainda um registo electrónico único de homens em idade militar, para que ninguém possa apresentar como argumento que não tem prova de ter recebido o ofício na conta pessoal do portal dos serviços públicos.

Embora não poucos russos tenham cancelado a inscrição no referido site administrativo, os autores da lei alertaram que a exclusão da conta não os isenta de comparecer. Por isso, muitos russos começaram esta semana a colocar bens, imóveis ou carros em nome das esposas e outros parentes.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou esta semana que a aprovação desta lei abra caminho para uma segunda mobilização, embora a dúvida permaneça. Putin já convocou 300.000 reservistas, continuando secreto o ponto da lei respeitante à abertura de uma nova campanha de mobilização. Além disso, o Ministério da Defesa russo anunciou planos para aumentar o número de soldados no exército para 1,5 milhões.

A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

Esta ofensiva foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas. A ONU apresentou como confirmados, desde o início da guerra, 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que os números estão aquém dos reais.

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