Encontrados 25 restos fósseis de animal pré-histórico com 68 milhões de anos


O grupo de quatro paleontólogos estrangeiros, que está a realizar o trabalho de escavação na comuna do Bentiaba, município de Moçâmedes, na província do Namibe, desde o dia 15, encontraram 25 ossadas de Mosassauro, grande lagarto extinto da era dos dinossauros, de 68 milhões de anos, informou ao Jornal de Angola a promotora do Projecto PaleoAngola.

Maria da Cruz disse que se trata de ossadas da cauda da espécie que, na sua maioria, medem meio metro de comprimento, encontrados, precisamente, em dois dias de escavações, numa área de 8 metros quadrados, na zona montanhosa do Bentiaba.

A especialista informou que o objectivo que conduziu a equipa de investigação a realizar trabalhos de escavações na província do Namibe, num período de 10 dias, é de encontrar vestígios de fósseis para estudo.

"Conseguimos escavar e encontrar a maior parte das ossadas que se pretendia. Resta-nos, agora, cumprir com os trâmites de solicitação que autorizam a saída das ossadas junto das instituições de tutela”, disse a impulsionadora da iniciativa. Avançou que, em função da realidade paleontológica constatada no terreno, o grupo pretende criar mecanismos de cooperação de investigação das amostras de fósseis com o Governo da província, através da Universidade do Namibe, como forma de inclusão dos estudiosos locais no projecto.

"As ossadas encontradas vão ser enviadas ao laboratório da Holanda ou Estados Unidos da América, por inexistência de laboratório específico no país. É uma necessidade que pretendemos ver resolvida para as próximas pesquisas”, frisou a investigadora.

Na véspera do arranque das escavações , os cientistas estrangeiros foram recebidos em audiência pelo governador provincial do Namibe, Archer Mangueira, durante a qual explicaram às autoridades que têm como foco a pesquisa sobre a existência de fósseis de répteis marinhos, dinossauros e explorar as grandes potencialidades para esse tipo de estudo.

Em declarações à imprensa, o paleontólogo e investigador do Museu Nacional de História Natural da Holanda, Anne Schulp, destacou o Bentiaba como a zona mais fértil para as pesquisas a nível do país, referindo a diversificação na colecção de fósseis feita no Projecto PaleoAngola, concretamente o primeiro dinossauro descoberto em Angola, o Angolatitan Adamastor, que se encontra no Museu de Geologia da Universidade Agostinho Neto (UAN), na Marginal de Luanda.

"Angola, em particular a província do Namibe, possuem vestígios privilegiados de fósseis que podem complementar alguns esqueletos que se encontram incompletos a nível do mundo. Verificamos a zona do Yembe e Bentiaba, onde consideramos que as potencialidades e facilidades de aquisição se podem tornar o sítio mais rico de répteis marítimos do Hemisfério Sul”, apontou.

Maria da Cruz afirmou que a pesquisa consiste, também, em dedicar a área para reserva de investigação científica da UNESCO, com iniciativas locais ligadas à Educação, Turismo, Museologia e uma possível transformação em geoparque, por agregar um património de fósseis que só há dez no mundo.

De acordo com o cientista, o projecto prevê a formação de estudantes angolanos e a atribuição de bolsas de estudo na área da Paleontologia, com o objectivo de criar um grupo de técnicos de laboratório de classe mundial e colocar Angola no topo do reconhecimento global de estudo e desenvolvimento dos recursos paleontológicos.

A especialista sublinhou que já foram descobertos, através de estudos paleontológicos, ossos de dinossauros em muitos pontos do país, alguns com mais de dez metros. Na zona do Bentiaba, existem dez espécies de restos de dinossauros.

Acrescentou que os fósseis encontrados em Angola estão no Museu Smithsonian, em Washington, desde 2018, e já recebeu mais de 4 milhões de visitantes, que passam a conhecer Angola a partir desta exposição, mas considerou a possibilidade do grupo criar condições para o seu regresso ao país.

Apoio institucional

A vice-governadora provincial do Namibe para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas, Ema da Silva, considera os estudos sobre as potencialidades fósseis do Namibe uma oportunidade para a inserção de estudantes locais no processo de descoberta e escavação por intermédio da expansão investigativa.

"Durante o encontro com os paleontólogos mostramos o maior interesse de envolvimento da classe académica, professores, estudantes em todo o processo. Pela grandeza e abrangência, vamos apoiar esta iniciativa no sentido de criar mecanismos para encontrar um espaço no Namibe para futuras exposições”, sublinhou.

Fazem parte da equipa do projecto, os paleontólogos Louis L. Jacobs e Michael J. Polcyn, da Southern Methodist University, dos EUA, Octávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa, e Anne Schulp, do Centro de Biodiversidade Naturalis, da Holanda, bem como Maria da Cruz, promotora do projecto PaleoAngola).

Fonte: Jornal de Angola

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