Cristãos exaltam hoje a ressurreição de Cristo durante a vigília pascal
Os cristãos celebram, hoje, por todo o mundo a solenidade da Vigília Pascal, na véspera do Domingo de Páscoa, a assinalar-se, amanhã, com hinos de glória a Cristo ressuscitado.
Considerada a maior festa cristã, a Páscoa representa a renovação da fé, assente na esperança da vida após a morte. Hoje, na celebração da vigília vai ser aceso o círio pascal, uma vela grande, que simboliza a luz de Cristo.
O frei Marmiliano Naufila disse que a vigília pascal é a noite da celebração de Jesus Cristo, como salvador da humanidade. "É a noite em que os fiéis celebram a vida, com lâmpadas acesas, como servos que esperam pelo seu senhor, sempre vigilantes”, realçou o pároco da Igreja Nossa Senhora do Carmo, enquanto se preparava para uma procissão.
O sacerdote explicou que a vigília pascal é a antecâmara da Páscoa. A actividade, disse, é seguida de uma sequência de momentos litúrgicos, em que são feitas várias leituras do Antigo ao Novo Testamento. "Nesse dia, a igreja medita nas maravilhas do Senhor desde o princípio dos tempos”, acrescentou.
A vigília pascal, destacou, é a representação máxima da "noite da fé cristã”, onde a liturgia é assente, principalmente, na promessa de um Messias de libertação. "A Páscoa é o fruto da salvação, resultante da morte e ressurreição de Cristo”, sublinhou.
O frei lembrou aos fiéis que a Páscoa deve levar a compreensão de todos que o mundo só se pode construir por via da bondade. "Ser cristão é o caminho para chegar a Deus”.
Impacto para os fiéis
Hoje e amanhã, muitos fiéis católicos prometeram participar da celebração da Páscoa em massa. A maioria vê o período de comemoração e de partilha, dentro do comprometimento com uma nova vida. É a altura em que são convidados à conversão, a praticarem o bem, a viverem com muita fé, moderação, civismo e solidariedade, abstendo-se do que os pode conduzir ao pecado.
Vézua Lourena, uma das fiéis, acredita que a Páscoa é o tempo oportuno para revisar o modo de vida, assim como interpretar o mundo actual. "A fé não resolve tudo, mas com certeza é muito significativa”, aclarou.
O momento, contou, é de extrema importância para todo o cristão, uma vez que se trata da paixão e ressurreição de Cristo. "Todo o fiel deve, nessa fase, reflectir profundamente como foi a caminhada e onde deve fazer correcções”.
Vézua Lourena reconheceu que a Páscoa chega a ser difícil por exigir renúncia de certos actos e obriga a todos os fiéis a reverem-se como cristãos. "É difícil para muitas famílias celebrarem a ressurreição de Cristo com as habituais limitações”.
A cristã considera a Páscoa o centro da fé dos seguidores de Cristo. "Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria em vão. Por isso, é na Páscoa que renovamos a fé e todos os cristão são chamados para viverem a vigília de hoje”, pontuou.
Para João Suca, outro crente, esse é o momento em que o cristão deve estar presente e activo. "Quando se está a comemorar a Páscoa implica dizer que Cristo está na vida do crente”, disse, destacando ainda a importância da celebração na vida de qualquer Cristão.
"Para mim, a Páscoa tem trazido muito impacto na minha caminhada cristã. Todos os anos tenho feito uma mudança de atitude. O mais difícil para alguns é não acreditar na fé e na salvação de Cristo”, frisou.
Transformar o sábado numa noite de luz
O Sábado Santo é chamado de Vigília Pascal. Na Igreja e na Liturgia Católica, antes de todas as grandes solenidades, há uma celebração de véspera ou vigília. A Vigília Pascal antecede o dia da Páscoa, o Domingo da Ressurreição de Jesus.
A Vigília Pascal faz parte também do Tríduo Pascal, na qual os cristãos católicos vivem com profundidade os passos de Jesus rumo ao Calvário, ao Sepulcro e à Ressurreição. Este Tríduo começa com a Quinta-feira Santa, pela conhecida "Missa do Lava-pés”, por meio da qual Jesus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio.
Diante da Vigília Pascal, é como se a Igreja e cada fiel estivessem a escalar uma alta montanha: cada dia mais um passo e mais próximo do ápice. A cada celebração do Tríduo Pascal, eles ficam mais perto do cume.
O Sábado Santo é celebrado ao escurecer do dia, à noite. Até as luzes da Igreja são apagadas. Todos os crentes se reúnem na escuridão. Esta Liturgia é muito rica nos sinais, nos gestos e símbolos. É na Vigília Pascal que acontece a bênção do fogo.
O Círio Pascal, uma vela bem grande, é aceso no fogo novo, trazendo o ano que estamos vivendo e duas letras do alfabeto grego, ou seja, o Alfa e o Ômega, que representam Jesus.
Fundamentos
A Vigília Pascal tem quatro partes fundamentais: Liturgia da Luz, da Palavra, do Batismo e da Eucaristia. É comum crianças e adultos serem batizados nesta celebração, quando todos renovam sua fé e confiança no Deus Altíssimo.
Por isso, a Vigília Pascal é vista como uma celebração solene, com uma catequese muito profunda. A ideia é levar os crentes ao encontro de Jesus Cristo, por meio de uma prática que procura transformar a noite mais clara que o dia e preparar a chegada do Messias. É para a maioria dos crentes católicos uma forma de acreditar na vitória da vida sobre a morte.
Rituais e ritos católicos feitos pela data
Para os católicos, a vigília inicia após o pôr-do-sol no sábado santo, o início da celebração dá-se fora da igreja, tendo em vista que o fogo que ascenderá as velas da assembleia e o círio pascoal tem de ser abençoado pelo celebrante, é o fogo novo que simboliza o esplendor de Jesus Cristo ressuscitado dissipando as trevas do pecado e da morte.
O círio pascoal é usada em todo o Tempo Pascal, tempo litúrgico seguinte permanecendo no santuário da igreja, e durante todo o ano em baptismos, crismas e funerais, recorda-se desta forma a todos que Jesus Cristo é a "luz do mundo”.
Luz do mundo
Assim que a vela for acesa segue o antigo rito do Lucernário, em que a vela é carregada por um sacerdote ou diácono através da igreja, em completa escuridão, parando-se três vezes e cantando a aclamação: "Lumen Christi” ou Luz de Cristo (em português), ao qual a assembleia responde "Deo Gratias”, Graças a Deus em português. A vela prossegue através da igreja, e os presentes portam velas que são acesas a partir do fogo do círio pascal, este gesto simbólico representa a "Luz de Cristo” que se espalhando por todos, a escuridão que é diminuída.
Assim que a vela é colocada num lugar dignamente preparado no santuário, ela é incensada pelo diácono, que entoa solenemente o canto Exsultet, de tradição milenar. Ele é conhecido também como Proclamação da Páscoa, ou Pregão Pascal. Nele, a igreja pede que as forças do céu exultem a vitória de Cristo sobre a morte, passando pela libertação do Egipto e até mesmo agradecendo a Adão pelo seu pecado "indispensável”, pois as consequências de tal pecado foram o motivo da vinda de Cristo.
Bênçãos
Ao findar do canto, apagam-se as velas e inicia-se a Liturgia da Palavra, composta de sete leituras do Antigo Testamento, que são como um resumo de toda a história da salvação. Cada leitura é seguida por um salmo e uma oração relativa àquilo que foi lido. Depois de concluir todas as leituras, é entoado solenemente o hino de louvor, "Gloria in excelsis Deo”, os sinos, sinetas e campainhas da igreja são tocados. É a primeira vez que se entoa o hino de louvor desde a quarta-feira de Cinzas, com excepção da quinta-feira Santa. No pré-rito Vaticano II, as imagens, que foram cobertas durante a última semana, são reveladas neste momento.
O canto de aleluia então é cantado pelo celebrante, também de forma muito solene, pois também não é cantado desde o início da Quaresma. Após a celebração da Liturgia da Palavra, se entoa a ladainha de todos os santos, em seguida a água da pia baptismal é solenemente abençoada e quaisquer catecúmenos e candidatos à plena comunhão são iniciados na Igreja, pelo baptismo ou confirmação. Após a celebração destes sacramentos da iniciação, a congregação renova os seus votos baptismais e recebem a aspersão da água baptismal.
Depois da oração, a Liturgia Eucarística continua como de costume, sendo tradição a utilização da Oração Eucarística I. Esta é a primeira missa do dia da Páscoa. Durante a Eucaristia, o recém-batizados adultos recebem a Sagrada Comunhão pela primeira vez, podendo ou não serem crismados também. De acordo com as rubricas do Missal, a Eucaristia deve terminar antes do amanhecer.
Metodistas celebram a Páscoa durante três dias
Os crentes da igreja metodista vão celebrar a Pascoa durante três dias dentro da semana santa, disse, ontem, o Pastor da Igreja Metodista Unida de Catumbela Lima, Sebastião Agostinho, para quem esse período é muito importante.
"É o período em que nos entregamos totalmente a Cristo, viver as suas últimas palavras, acções e feitos na terra. Os metodistas começaram a semana santa no dia 2 de Abril, com o Domingo de Ramos, que representa a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém”.
Desde o Domingo de Ramos até quinta-feira, disse, só observaram, nos cultos, aspectos ligados a missão e à obra do Messias, através de um programa especial de actividades, concebido para poder observar melhor o período da semana santa.
Durante esse período, destacou, os crentes dedicam-se especialmente aos dias de oração, "que termina na quarta-feira com um jejum”. "Depois vem a quinta-feira, na qual se celebra a última ceia. De seguida, a sexta-feira que é a crucificação. Nessa data, todas os templos da igreja metodista exibem dramas que ilustram a vida e obra de Jesus Cristo, assim como os milagres operados por ele.
"É a altura em que procuramos representar, ao vivo, os feitos de Jesus Cristo nos últimos dias, até a crucificação. Geralmente, o dia de sábado é reservado para a reflexão. Não há nenhum programa específico. Nenhum crente da igreja se reune neste dia. Chamamos de Dia do Silêncio, por ser a altura em que Jesus é colocado no sepulcro”, explicou.
No domingo, revelou, é o dia da ressurreição, quando Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. "Nesse dia, temos um culto solene nas igrejas, de maneiras a mostrar ao mundo, que vivemos a paixão de Cristo”.
Para os metodistas, a páscoa esta englobada no período da Quaresma. "Primeiro vem a Quaresma que é a preparação, celebração cuja data inicia depois da quarta-feira de cinzas, também conhecida como Dia das Mabangas, no Carnaval”.
Depois deste período começam os 40 dias de confinamento espiritual, transformação, entrega total, de jejum e oração, momento em que os cristão procuram reflectir em torno daquilo que foi o período de Jesus Cristo na terra.
"A igreja Metodista, no período da Quaresma, começa as celebrações com semanas de orações, pregação dominical, durante as quais realçam os feitos de Jesus Cristo. O período termina no domingo da ressurreição, amanhã”, esclareceu.
Origens
A Páscoa é uma celebração do calendário religioso cristão em memória à ressurreição de Jesus Cristo. A celebração cristã inspirou-se em uma comemoração judaica, que acontecia na mesma época que Jesus supostamente foi crucificado e ressuscitou.
Na Páscoa dos judeus comemora-se a conquista da liberdade pelos hebreus, que viviam como escravos no Egipto, simbolizando o retorno à vida digna.
A Igreja determinou que a primeira lua cheia após o equinócio de primavera seria a data para se iniciar a comemoração da Páscoa. O equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte.
A palavra Páscoa provém do latim "Pascha”, que significa "Passagem”. Essa "passagem” está descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravatura no Egipto.
No Novo Testamento, a Páscoa é a celebração da passagem da morte para a vida, através da ressurreição de Jesus Cristo.
Nos dias de hoje, acompanhando os costumes tradicionais e seculares, a Páscoa tem um conjunto de símbolos.