João Gimolieca ressaltou que este desafio passa pela reforma da arquitectura financeira internacional, fortalecer a cooperação em políticas macroeconómicas e implementar acções para acelerar o desenvolvimento sustentável em apoio aos países em desenvolvimento.
"O objectivo é abordar o elevado custo da dívida e os riscos crescentes do aumento da dívida soberana, para aumentar, maciçamente, o financiamento em longo prazo para o desenvolvimento e para expandir o financiamento de contingência para os países necessitados”, destacou.
Para o encarregado de negócios da Missão de Angola junto da ONU, o financiamento climático novo e adicional, para os países em desenvolvimento, é extremamente importante para ajudar e apoiar a implementação de políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e o melhoramento do acesso a esse financiamento climático. Durante a sua intervenção, João Gimolieca disse ser urgente que os países desenvolvidos forneçam os meios de implementação necessários aos países em desenvolvimento, de modo a permitir que estes enfrentem as mudanças climáticas, incluindo financiamento concessional, pelo menos o dobro do financiamento de adaptação, bem como para finalizar a operacionalização do fundo de perdas e danos e facilitar, assim, a transferência total de tecnologia e assistência técnica necessária para transições justas. Destacou que, apesar das vigorosas reformas implementadas ao longo dos últimos cinco anos pelo Governo de Angola, que criaram as condições necessárias para o desenvolvimento sustentável do país, Angola tem vivido sucessivos períodos de recessão económica, a que se somam os efeitos negativos das actuais crises sanitárias e tensões geopolíticas, que resultaram na deterioração dos indicadores sócio-económicos.
Perante este quadro, o embaixador salientou que Governo angolano foi forçado a rever as suas estratégias de desenvolvimento, tendo definido três áreas prioritárias para o próximo Plano de Desenvolvimento 2023-2027, nomeadamente o desenvolvimento do capital humano, com o objectivo de aumentar a produtividade, a expansão e modernização das infra-estruturas, para melhorar a mobilidade e diversificação da economia, com o foco na segurança alimentar.
João Gimolieca enfatizou que o financiamento nessas três áreas é crucial para alcançar e cumprir a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Na sessão de abertura, na segunda-feira (17), António Guterres apelou ao grupo das maiores economias globais, G20, para um estímulo de pelo menos 500 mil milhões de dólares por ano, a fim de permitir que as economias em desenvolvimento atinjam as metas globais.
O encontro de alto nível abordou, durante quatro dias, as ameaças ao progresso sustentável.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é um instrumento adoptado por todos os Estados-membros das Nações Unidas, em 2015, que entrou, oficialmente, em vigor em 2016.
O instrumento define as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e procura mobilizar esforços globais à volta de um conjunto de objectivos e metas comuns. São 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que representam um apelo urgente à acção de todos os países – desenvolvidos e em desenvolvimento – para uma parceria global. Os ODS reconhecem que a erradicação da pobreza e outras privações devem ser acompanhadas de estratégias que melhorem a saúde e a educação, reduzam a desigualdade e estimulem o crescimento económico – ao mesmo tempo que combatem as alterações climáticas e preservam os ecossistemas.
Os ODS definem as prioridades e aspirações globais para 2030 em áreas que afectam a qualidade de vida de todos os cidadãos do mundo e daqueles que ainda estão para vir. Estes objectivos globais assumidos pelos 193 países das Nações Unidas têm como ambição não deixar ninguém para trás.