O governo etíope tomou uma série de medidas para restringer as acções em regiões com violência, tendo anunciado, ontem, que as mesmas originaram a morte de dois funcionários do Catholic Relief Services (CRS), no fim de semana, na região de Amhara, norte do país.
Essas unidades, conhecidas como "forças especiais” na Etiópia, foram estabelecidas fora de qualquer estrutura legal nos últimos 15 anos por alguns estados regionais. Na segunda-feira, foram impostas restrições - incluindo tráfego nocturno e reuniões - em três das principais cidades de Amhara: Gondar, Dessie e Debre Birhan.
As regras foram emitidas pelo "posto de comando” militar em cada uma das cidades, sugerindo que o exército federal está agora encarregue da sua segurança. No domingo, o primeiro-ministro Abiy Ahmed garantiu que o processo de desarmamento seria concluído "custe o que custar” e alertou que "a lei será aplicada contra aqueles que deliberadamente desempenham um papel desestabilizador”.
O governo insiste que o processo está a decorrer em todas as regiões e, por enquanto, a agitação está limitada a Amhara, cujas "forças especiais” forneceram assistência crucial ao exército federal durante os dois anos de conflito armado contra as autoridades de Tigray.
Um acordo assinado em Novembro do ano passado entre o Governo e as milícias pôs fim à guerra, mas a Etiópia continua dividida por vários conflitos locais, muitas vezes ligados ao despertar da identidade e reivindicações de terras desde a nomeação de Abiy em 2018, após três décadas de governo de uma coligaçãoo dominada pela minoria Tigrayan.
Segundo maior povo da Etiópia, os Amhara há muito são a elite política e económica do país. Os conflitos territoriais opõem-se aos Tigrayans, mas também aos Oromo, o povo mais numeroso do país.
PAM denuncia roubo de alimentos
O Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas, anunciou que está a investigar o roubo de ajuda para operações humanitárias que ajudariam a salvar vidas na Etiópia, de acordo com uma carta obtida pela Associated Press. O director do PAM para a Etiópia, Claude Jibidar, afirma na carta que a organização "está muito preocupada com a venda em larga escala de alimentos em alguns mercados", o que "representa não apenas um risco reputacional, mas também ameaça a nossa capacidade de mobilizar mais recursos para as pessoas necessitadas".
Não ficou ainda claro quem foi o responsável por roubar a ajuda do depósito de Sheraro, que já havia sido saqueado por soldados eritreus aliados do governo federal da Etiópia num incidente separado.