Embaixador da Espanha destaca qualidades do artista Joan Miró

O embaixador da Espanha em Angola, Manuel Lejarreta, sublinhou terça-feira, em Luanda, as qualidades do renomado artista espanhol Joan Miró, que se desdobra como escultor, pintor, gravurista, ceramista surrealista e multidisciplinar.

Manuel Lejarreta, que falava no encerramento das exposições o "Cântico ao Sol” e "Maravilhas com Variações Acrósticas”, considerou Joan Miró o máximo representante do surrealismo plástico espanhol, que sempre soube buscar as cores vivas e brilhantes, linhas curvas, símbolos abstratos da escrita. O embaixador da Espanha em Angola informou que a dupla exposição que durou dois meses na galeria do Banco Económico, deixa a capital do país dentro de alguns dias, rumando para a província do Bié, na cidade do Cuito.

O embaixador espanhol explicou que as duas exposições são exemplos perfeitos da trajectória do artista, sendo a primeira, "Cânticos de Sol”, a materialização plástica do poema homónimo de São Francisco de Assis, numa invocação à natureza. A segunda, intitula "Maravilhas com variações Acrósticas”,  é baseada no poema do poeta espanhol Rafael Alberti, e voca uma viagem a um jardim imaginário cheio de flores, que enfatiza a natureza como paraíso na terra.

"A vivacidade da cor das obras encaixa especialmente com o contexto africano, como destacam os próprios artistas locais, o que demonstra que a diplomacia cultural está cada vez mais próxima entre os artistas e os povos”, assegurou.

Quanto à evolução estética, Manuel Lejarreta lembrou que Joan Miró manifestou o desejo de abandonar os métodos convencionais da pintura, chegando a dizer que queria "matá-los, assassiná-los, ou violá-los”, para não se curvar a sua estética às exigências do formalismo.

"Miró foi evoluindo desde o interesse no subconsciente, no infantil, e na cultura e tradição da Catalunha, e isto tornou a sua terra natal a abordagem mais rompedora, especialmente a partir da sua permanência em Paris, incorporando-se no movimento do surrealismo”, destacou.

Segundo o curador, Frederico Fernández, são 20 litografias publicadas em 1975, numa luxuosa pasta intitulada "Maravilhas com variações acrósticas no jardim de Miró” e acompanhadas de poemas escritos por Rafael Alberti. 

Vale recordar  que esta exposição foi inaugurada pelos Reis de Espanha, aquando da sua visita de Estado a Angola, entre os dias 6 e 8 de Fevereiro. Na ocasião, o Banco Económico, na pessoa do seu Presidente da Comissão Executiva, Carlos Duarte, ofereceu a Felipe VI e a Dona Letizia uma obra intitulada "Moxi Ngola”, que significa Dois Reis, assinada pelo pintor angolano Uólofe Griot.

Joan Miró nasceu em Barcelona, em Espanha. Falecido em 1983, foi um importante pintor, gravador, escultor e ceramista que criou a sua própria linguagem artística e que retratou a natureza de uma forma singular, fazendo assemelhar os seus traços aos de um primitivo ou de uma criança.