Provedora de Justiça esclarece função de defensor dos direitos dos cidadãos


A provedora de Justiça de Angola, Florbela Araújo, considerou, ontem, em Moçâmedes, que a abordagem da política de proximidade com os cidadãos, nos últimos tempos, permitiu o monitoramento de aproximadamente 4.500 queixas com incidência no direito à superfície (parcelas de terras), morosidade no pagamento aos pensionistas e situação dos presos nas cadeias
Florbela Araújo, que efectua uma visita de trabalho à província do Namibe, no quadro da Semana do Provedor, na companhia da sua homóloga da Zâmbia, Corolane Sokoni, teceu tais considerações durante uma palestra promovida diante da comunidade académica, autoridades tradicionais, eclesiásticas e diversas entidades da província do Namibe, sobre o papel do provedor de Justiça como defensor dos direitos fundamentais dos cidadãos.

A visita ao Namibe está inserida no programa da Semana Nacional e celebração do 18º aniversário da eleição do primeiro provedor de Justiça em Angola, aberta no passado dia 19 do mês em curso, na capital do país, sob o lema "O papel do provedor de Justiça na defesa dos direitos dos cidadãos em situação de vulnerabilidade”. O evento está a permitir o intercâmbio e a troca de experiência entre Angola e a Zâmbia.

Com uma visão voltada para a camada juvenil de vários estratos sociais, a provedora de Justiça de Angola, Florbela Araújo, esclareceu, durante a abordagem, que o foco da instituição e dos representantes provinciais designados consiste em resolver as principais preocupações dos cidadãos que recorrem aos serviços da Provedoria quando se sentem desprotegidos.

A dirigente angolana, que também exerce a função de directora regional para África, explicou que a figura do provedor de Justiça está remetida ao dever constitucional de assegurar a protecção, garantia do cumprimento dos Direitos Humanos contidos na Declaração Universal, fiscalizar as instituições públicas e realizar trabalhos de prevenção de violações através de palestras, workshops e conteúdos de sensibilização por intermédio dos órgãos de comunicação social.

"Todos devemos saber que nada nem ninguém está acima das garantias e liberdades fundamentais dos cidadãos. A tarefa do momento é de esclarecimento do trabalho desempenhado por um provedor de Justiça e que importância ele tem na vida dos cidadãos”, sublinhou.

"Os direitos dos cidadãos devem ser respeitados independentemente da sua posição social, classe ou cargo. Por isso, todos são chamados a denunciar os actos de violações”, reforçou.

Na ocasião, a provedora de Justiça da República da Zâmbia, Corolane Sokoni, mostrou-se satisfeita com a dinâmica de expansão dos serviços provinciais da Provedoria de Justiça, inexistente no seu país, que segundo ela, constitui um exemplo de organização e um dos melhores servidores em matéria de protecção das garantias das liberdades fundamentais dos cidadãos em África.

Coroline Sokoni, que exerce a função de Tesoureira do Instituto Internacional dos Provedores de Justiça, disse que vai levar a experiência de Angola como referência de promoção internacional dos Direitos Humanos, pelo nível de actuação dos serviços provinciais do país.

"Fica a recomendação que Angola e Zâmbia devem trabalhar juntos, não só na expansão das funções do defensor dos direitos fundamentais do cidadão, mas também cooperar no ramo da Educação e Saúde”, informou.

Avançou que entre as visitas feitas em algumas instituições da província do Namibe, ficou encantada com o funcionamento da Universidade local, destacando a Faculdade de Ciências do Mar como uma das grandes apostas de formação para os jovens do país a nível de África, que pretende levar como proposta de execução para a Zâmbia.

A vice-governadora provincial para o Sector Político Económico e Social, Anica de Sousa, considerou que a partilha de experiência dos dois países africanos encoraja o Governo da província no apoio às acções do provedor provincial nos municípios, comunas e localidades, cujas actividades  foram sendo realizadas desde Junho de 2022, período de instalação dessa representação na província, e que está a desenvolver  diversas actividades de defesa dos direitos, garantias e liberdades fundamentais dos cidadãos.

A dirigente encorajou a instituição a prosseguir com os desafios da valorização e respeito aos direitos dos cidadãos que através dos meios informais conseguem assegurar a Justiça e a legalidade das actividades da Administração Pública.

"O Executivo angolano promove e defende os direitos fundamentais do homem, quer como indivíduo ou em grupos sociais organizados. É, pois, por isso, que a Constituição da República de Angola, enquanto norma suprema, consagra um elevado número de direitos fundamentais, cuja violação é passível de responsabilização”, disse.

Em Angola, a Provedoria de Justiça está assegurada em 10 províncias, com representação no Cuando Cubango, Cuanza-Sul, Bengo, Malanje, Namibe, Cabinda, Benguela, Huambo, Lunda-Norte e Cunene.

Florbela Araújo quer solução para casos de expropriação de terrenos

A provedora de Justiça, Florbela Rocha Araújo, apelou, ontem, em Moçâmedes, aos governantes a encontrarem solução para os problemas relacionados com conflitos resultantes da expropriação de terrenos, tanto para a construção de residências, como de outras infra-estruturas sociais.

O apelo foi feito pela governante no final da sua visita efectuada à Universidade do Namibe, tendo salientado que todo o cidadão angolano tem direito à terra, pois quando esta for ocupada deve o Estado indemnizar quem nela construiu.

Esta indemnização, segundo a provedora, deve ser justa para que ninguém seja prejudicado, evitando assim problemas entre as partes envolvidas.

Disse que a sua visita ao Namibe surge no âmbito do programa do provedor da Justiça com a sua homóloga da Zâmbia, por formas a estreitar os laços de cooperação e partilhar experiências.

Afirmou que a provedora da Zâmbia veio em busca de experiências sobretudo na província do Namibe, onde a provedoria da Justiça tem desempenhado, com dinamismo, seu papel na busca de soluções dos problemas dos cidadãos.

"Ainda no campo da visita, a provedora da Justiça da Zâmbia mostrou o interesse de visitar a Universidade do Namibe, para constatar o seu funcionamento, a qualidade dos laboratórios dos recursos marinhos”, expressou.

É nessa senda, segundo a responsável, que os zambianos manifestaram interesse em enviar os quadros para o Namibe, a fim de  obterem formação em navegação e recursos marinhos, enquanto Angola projecta mandar estudantes para cursos de Direitos Humanos na Zâmbia.

Afirmou ainda que o provedor de Justiça, para além de receber queixas e resolver os direitos do cidadão, também tem trabalho focado na prevenção, sendo que em 2022, a nível do país recebeu mais de quatro mil e quinhentas queixas.

Admitiu que com a evolução e domínio das tecnologias de informação, o número de queixas que chegam tende a aumentar, pelo que a Provedoria se precisa munir de meios para desenvolver um trabalho mais célere e digno, substituindo os métodos vigentes que fazem recurso a ofícios, telefonemas e e-mail.

No Namibe, a delegação da Provedoria de Justiça manteve encontro com os estudantes, em que abordou o tema "o papel do provedor de Justiça como defensor dos direitos fundamentais dos cidadãos em Angola e na Zâmbia.

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