A busca de mais oportunidades para serem inseridos no mercado de trabalho tem sido um dos maiores desafios de muitos jovens no país. O Executivo tem vindo a empreender esforços para a redução deste fenómeno, através da materialização de diversos programas de formação profissional e promoção da empregabilidade.
Actualmente, o índice de desemprego a nível mundial é muito elevado e Angola não está fora dessas estatísticas. Segundo o inquérito feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2022, o país registou uma taxa de desemprego de 29,6 por cento.
Neste período mais de sete mil angolanos caíram no desemprego, no último trimestre do ano passado, e na sua maioria jovens. O número de desempregados aumentou para 24,5 mil pessoas no quarto trimestre de 2022.
De acordo com os dados do INE, a população desempregada com 15 ou mais idades, foi estimada em 4.913.745 pessoas, dos quais 2.211.509 homens e 2.702.237 mulheres. A taxa de desemprego no país corresponde a 30.0 por cento, sendo mais elevada para as mulheres (32,0 por cento), comparando com os homens (27,9 por cento).
Por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores, assinalado ontem, muitos jovens foram unânimes ao afirmar que a aposta deve ser na criação de mais fábricas e na formação de quadros nacionais.
Concursos públicos
Melissa dos Santos, de 26 anos, que vive com os pais e dois irmãos, é uma destas jovens no desemprego. Licenciada em Psicologia, na especialidade Criminal, pelo Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA), contou que está há mais de sete anos em busca de uma oportunidade de emprego.
"Tive a possibilidade de participar em dois concursos públicos, mas não obtive sucesso e continuei fora do mercado de trabalho. Porém, até hoje continuo à espera de uma oportunidade. É muito difícil, em especial para quem saiu agora da universidade e tem pouca experiência profissional e precisa de um acompanhamento. É triste quando os empregadores pedem mais de três anos de experiência”.
Os concursos públicos, afirmou, são, para Melissa dos Santos, uma oportunidade de estar inserida na função pública. "Até ao momento não consegui emprego e continuo em busca do primeiro emprego, entregando currículos em diversas empresas privadas. De momento, faço um pequeno negócio para poder suprir algumas necessidades”, contou.
Hamilton Paulo é outro jovem que se encontra desempregado há cinco anos. Finalista do Instituto Superior Politécnico Tocoísta (ISPT), no curso de Engenharia Electrotécnica, explicou que quando chegou ao segundo ano da faculdade, foi obrigado a encontrar um emprego, a qualquer custo, para poder pagar as mensalidades. Na altura, disse, as economias da mãe já não eram suficientes.
O jovem, com vários cursos técnico profissionais, como o de Electricidade, Gestão de Recursos Humanos e Pedagogia, revelou que já enviou currículos em várias empresas privadas, mas nenhuma deu "feedback” positivo. "As empresas deveriam ser mais comunicativas. Retomarem os e-mails dos candidatos, para estes terem noção das razões da não admissão. Mas, continuo a fazer outras formações, para quando as oportunidades chegarem, poder atender às expectativas dos empregadores”.
Várias vezes, adiantou, viu os concursos públicos como um escape para estar enquadrado numa empresa estatal. Mas, ao concorrer para a Educação em 2018, não teve uma boa experiência. "Se os concursos são abertos para todos e uma vez que tenho o curso técnico profissional de Pedagogia, porque razão não fui admitido?”, interroga-se. O jovem lembrou que não vai desistir e continua a procurar oportunidades, acrescentando que desistir não é solução.
Por sua vez, Maria de Jesus, de 26 anos, explicou que começou à procura de um emprego ao completar 18 anos. Nos últimos anos, teve duas oportunidades e foi submetida a entrevista e apta para trabalhar. "Mas em função da distância do serviço para casa fez com que largasse o emprego. Corria inúmeros riscos. Vivia no Palanca e trabalhava no Zango. Saía muito tarde, chegando a ser assaltada, ao ponto de quase me ser cortada uma das orelhas”, disse.
A estudante do terceiro ano de Gestão de Recursos Humanos, no Instituto Superior Politécnico de Ciências e Tecnologia (INSUTEC), disse que há mais de dois anos luta para encontrar um emprego, enviando currículos por e-mail e muitas vezes deslocando-se em estabelecimentos que procuram candidatos. No mês de Março e Abril enviou e deixou mais de 20 currículos em diversas empresas.
Oportunidades nos concursos públicos
O país tem realizado vários concursos públicos de maneira a minimizar o índice de desemprego no meio da juventude e muitos deles veem a oportunidade para conseguirem o primeiro emprego. Porém, a oferta não atende a demanda.
Arieth de Fátima, de 24 anos, licenciada no curso de Psicologia, na especialidade Criminal, pelo ISTA, contou que várias vezes viu na abertura dos concursos públicos uma oportunidade para o primeiro emprego. "Cheguei a participar do recrutamento do Governo Provincial de Luanda (GPL) e o da Administração Geral Tributária (AGT)”, lembrou.
Numa comparação em relação aos concursos feitos anos atrás e com a inserção das novas tecnologias nos dias actuais, afirmou, houve melhoria nos métodos. "As estratégias que se usam, ainda não são suficientes para atender a demanda, e o sistema da Internet não é dos melhores no país, mas com o novo satélite vamos ver melhorias nesses novos métodos que se usam para a realização das candidaturas e a realização das provas via online”.
A jovem contou que já procura uma oportunidade de emprego desde os 19 anos, mas de forma recorrente apenas há três anos. "Para a redução do número de desempregados, o Executivo deve procurar por novas alternativas capazes de atender a demanda. Uma aposta é o aumento das escolas públicas e a criação de novas fábricas”.
Arieth de Fátima aconselhou os outros jovens a não desistirem de concorrer nos concursos públicos. "Enquanto jovens devemos aprender a empreender, para poder ajudar o Estado na diminuição do índice de desemprego e empregarmos outras pessoas”, sublinhou, além de criticar muitos por não terem iniciativas próprias.
Mirian Lourenço, outra jovem, disse que no ano passado participou em mais de três concursos públicos, de vários sectores. Formada no curso de Ciências da Comunicação, pela Universidade Independente de Angola (UNIA), considera que não há muita transparência em alguns concursos.
Das cinco oportunidades que teve, realçou, a melhor experiência foi quando participou do recrutamento da Educação em 2018 onde obteve uma nota positiva. "Tive bom aproveitamento, mas infelizmente não consegui ingressar na Função Pública, a nota não foi suficiente para me permitir ocupar a vaga. Houve muita transparência desde a inscrição até ao dia das provas. As outras quatro, a experiência já não foi das melhores”.
As novas tecnologias, destacou, têm estado a ajudar bastante no processo de inscrição, reconhecendo os esforços do Executivo na implementação deste método. "Desta forma, as fileiras para se candidatar diminuíram muito. Por isso, vou continuar a participar dos outros concursos até um dia ser chamada”, acrescentou, adiantando que é preciso mais abertura e oportunidade para os estudantes do curso de Ciências da Comunicação, Jornalismo e Comunicação Social.
Juciany Bengue licenciada em Psicologia, na especialidade Clínica, pelo Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ) explicou que a busca de uma vaga de emprego foi quando estava a fazer o segundo ano da Universidade e que a vontade de trabalhar tem falado mais alto desde a data.
A jovem, contou, que ao concluir a licenciatura, começou a pensar em exercer a função que escolheu. "Depois de ter terminado, senti a necessidade de conquistar outros passos traçados, como ter a própria família e dar sequência a outros sonhos”, referiu. Cinco anos depois, a procura de uma oportunidade e ansiosa para ser seleccionada, continua a solicitar e a enviar o currículo para várias instituições. No mês de Março, lembrou, foi submetida a uma entrevista e posteriormente fez a formação, para trabalhar como formadora numa empresa privada. "Mas até ao momento ainda não recebi nenhuma ligação da referida empresa”.
Com 29 anos, Juciany Bengue perdeu a conta de quantos concursos já participou e lamentou não ter recebido permissão para a inscrição no concurso público da Saúde, por falta da carteira profissional e o número reduzido de vagas que havia.
Em três tentativas, Josefina da Costa é outra jovem que não conseguiu nenhuma vez. Nos últimos anos, contou, participou em muitos dos concursos realizados, entre os quais os do Ministério da Educação e do Governo Provincial de Luanda.
"Candidatei-me na esperança de conseguir o primeiro emprego, infelizmente não consegui a vaga, mas vou continuar a testar e aproveitar as oportunidades dos novos concursos. Porém, é preciso que se melhore a forma de selecção dos candidatos”.
Josefina da Costa está convicta de dias melhores e acredita na melhoria dos concursos públicos e na transparência. "Vou continuar a lutar para conseguir uma vaga de emprego, seja em empresas estatais ou privadas para poder contribuir no desenvolvimento do país”.
Para Cecília Pedro, os sonhos de uma vaga na Função Pública foram adiados várias vezes. Apesar disso, desabafou, continua expectante de um dia ser admitida num dos testes. Com 25 anos, a jovem, disse que se deveria mudar as políticas e apostar mais na capacitação dos quadros nacionais. "Para os candidatos que não forem admitidos deveria ter uma política de maneira que os mesmos sejam cadastrados numa base de dados e serem solicitados numa segunda chamada”.
Perda de emprego na Covid-19
A recessão económica agravada pela pandemia da Covid-19 esteve na base da elevada taxa de desemprego que assola os cidadãos, com particular incidência na população jovem, sobretudo para aqueles que procuram o seu primeiro emprego, assim como as pessoas com deficiência e mães adolescentes.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o impacto da Covid-19 foi claramente superior ao que se viveu com a crise global financeira de 2009.
Além de prejuízos na saúde, na economia, muitas empresas fecharam por conta da recessão económica causada pela pandemia, outras foram forçadas a reduzir o capital humano e muitos jovens ficaram no desemprego, assim como viram os sonhos adiados.
Leonor Sebastião, de 32 anos, estudante do curso de Contabilidade, contou que trabalhou como contabilista durante quatro anos e com a pandemia da Covid-19 teve de ser despedida. "Foi uma experiência desagradável. Ainda tenho problemas só de imaginar que tive de ficar em casa e repetir o processo de admissão feito anteriormente. Na altura, a tristeza tomou conta de mim. Para piorar a situação, o empregador rescindiu o contrato sem nenhuma indemnização. A nova política contratual, actualizada em 2015, beneficiava mais o empregador do que o empregado”, disse.
A jovem, lembrou que, depois de um ano desempregada a empresa voltou a chamar, mas por estar gestante, o empregador não a enquadrou nos quadros da agremiação. Acrescentou que era descontada mensalmente na Segurança Social, mas que nunca auferiu.
De acordo com Leonor Sebastião, para reduzir o nível de desempregabilidade, fruto da pandemia, o Governo deve criar políticas que beneficiam mais a juventude, construindo mais centros de formação profissional, de forma a estimular o espírito de empreendedorismo.
Estratégia para fomentar o emprego juvenil
O relatório do Banco Mundial e do INEFOP sugerem que para resolver o desafio do emprego juvenil, Angola necessita de uma estratégia mais holística, que permita a criação de empregos e oferecer também programas em curto prazo para melhorar as oportunidades dos jovens.
As políticas para afectar as limitações estruturais em longo prazo vão ajudar a economia angolana a criar e a conectar-se aos mercados, bem como aumentar o número e a produtividade dos empregos do sector privado e reforçar as instituições do mercado de trabalho.
As políticas de impacto em curto prazo centram-se em intervenções que podem ser implementadas no actual contexto económico e empresarial, ajudando os actuais e futuros trabalhadores a desenvolver as capacidades e a aceder a melhores oportunidades de emprego e rendimentos, através de trabalho assalariado ou de empresas próprias. O documento refere que o desafio é encontrar um equilíbrio entre as políticas que investem em longo prazo e as que satisfazem as necessidades dos angolanos em curto prazo.
Entre os países comparáveis, Angola ocupa uma posição elevada, tanto em termos de participação na força de trabalho juvenil, utilizando como ponto de referência a definição de juventude (15-24 anos) das Nações Unidas. O país tem a terceira maior taxa de participação da força de trabalho jovem (é apenas superada pelo Brasil e Camarões) e taxa de desemprego (menor que a da África do Sul e Argélia).
Actualmente, o índice de desemprego a nível mundial é muito elevado e Angola não está fora dessas estatísticas. Segundo o inquérito feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2022, o país registou uma taxa de desemprego de 29,6 por cento.
Neste período mais de sete mil angolanos caíram no desemprego, no último trimestre do ano passado, e na sua maioria jovens. O número de desempregados aumentou para 24,5 mil pessoas no quarto trimestre de 2022.
De acordo com os dados do INE, a população desempregada com 15 ou mais idades, foi estimada em 4.913.745 pessoas, dos quais 2.211.509 homens e 2.702.237 mulheres. A taxa de desemprego no país corresponde a 30.0 por cento, sendo mais elevada para as mulheres (32,0 por cento), comparando com os homens (27,9 por cento).
Por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores, assinalado ontem, muitos jovens foram unânimes ao afirmar que a aposta deve ser na criação de mais fábricas e na formação de quadros nacionais.
Concursos públicos
Melissa dos Santos, de 26 anos, que vive com os pais e dois irmãos, é uma destas jovens no desemprego. Licenciada em Psicologia, na especialidade Criminal, pelo Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA), contou que está há mais de sete anos em busca de uma oportunidade de emprego.
"Tive a possibilidade de participar em dois concursos públicos, mas não obtive sucesso e continuei fora do mercado de trabalho. Porém, até hoje continuo à espera de uma oportunidade. É muito difícil, em especial para quem saiu agora da universidade e tem pouca experiência profissional e precisa de um acompanhamento. É triste quando os empregadores pedem mais de três anos de experiência”.
Os concursos públicos, afirmou, são, para Melissa dos Santos, uma oportunidade de estar inserida na função pública. "Até ao momento não consegui emprego e continuo em busca do primeiro emprego, entregando currículos em diversas empresas privadas. De momento, faço um pequeno negócio para poder suprir algumas necessidades”, contou.
Hamilton Paulo é outro jovem que se encontra desempregado há cinco anos. Finalista do Instituto Superior Politécnico Tocoísta (ISPT), no curso de Engenharia Electrotécnica, explicou que quando chegou ao segundo ano da faculdade, foi obrigado a encontrar um emprego, a qualquer custo, para poder pagar as mensalidades. Na altura, disse, as economias da mãe já não eram suficientes.
O jovem, com vários cursos técnico profissionais, como o de Electricidade, Gestão de Recursos Humanos e Pedagogia, revelou que já enviou currículos em várias empresas privadas, mas nenhuma deu "feedback” positivo. "As empresas deveriam ser mais comunicativas. Retomarem os e-mails dos candidatos, para estes terem noção das razões da não admissão. Mas, continuo a fazer outras formações, para quando as oportunidades chegarem, poder atender às expectativas dos empregadores”.
Várias vezes, adiantou, viu os concursos públicos como um escape para estar enquadrado numa empresa estatal. Mas, ao concorrer para a Educação em 2018, não teve uma boa experiência. "Se os concursos são abertos para todos e uma vez que tenho o curso técnico profissional de Pedagogia, porque razão não fui admitido?”, interroga-se. O jovem lembrou que não vai desistir e continua a procurar oportunidades, acrescentando que desistir não é solução.
Por sua vez, Maria de Jesus, de 26 anos, explicou que começou à procura de um emprego ao completar 18 anos. Nos últimos anos, teve duas oportunidades e foi submetida a entrevista e apta para trabalhar. "Mas em função da distância do serviço para casa fez com que largasse o emprego. Corria inúmeros riscos. Vivia no Palanca e trabalhava no Zango. Saía muito tarde, chegando a ser assaltada, ao ponto de quase me ser cortada uma das orelhas”, disse.
A estudante do terceiro ano de Gestão de Recursos Humanos, no Instituto Superior Politécnico de Ciências e Tecnologia (INSUTEC), disse que há mais de dois anos luta para encontrar um emprego, enviando currículos por e-mail e muitas vezes deslocando-se em estabelecimentos que procuram candidatos. No mês de Março e Abril enviou e deixou mais de 20 currículos em diversas empresas.
Oportunidades nos concursos públicos
O país tem realizado vários concursos públicos de maneira a minimizar o índice de desemprego no meio da juventude e muitos deles veem a oportunidade para conseguirem o primeiro emprego. Porém, a oferta não atende a demanda.
Arieth de Fátima, de 24 anos, licenciada no curso de Psicologia, na especialidade Criminal, pelo ISTA, contou que várias vezes viu na abertura dos concursos públicos uma oportunidade para o primeiro emprego. "Cheguei a participar do recrutamento do Governo Provincial de Luanda (GPL) e o da Administração Geral Tributária (AGT)”, lembrou.
Numa comparação em relação aos concursos feitos anos atrás e com a inserção das novas tecnologias nos dias actuais, afirmou, houve melhoria nos métodos. "As estratégias que se usam, ainda não são suficientes para atender a demanda, e o sistema da Internet não é dos melhores no país, mas com o novo satélite vamos ver melhorias nesses novos métodos que se usam para a realização das candidaturas e a realização das provas via online”.
A jovem contou que já procura uma oportunidade de emprego desde os 19 anos, mas de forma recorrente apenas há três anos. "Para a redução do número de desempregados, o Executivo deve procurar por novas alternativas capazes de atender a demanda. Uma aposta é o aumento das escolas públicas e a criação de novas fábricas”.
Arieth de Fátima aconselhou os outros jovens a não desistirem de concorrer nos concursos públicos. "Enquanto jovens devemos aprender a empreender, para poder ajudar o Estado na diminuição do índice de desemprego e empregarmos outras pessoas”, sublinhou, além de criticar muitos por não terem iniciativas próprias.
Mirian Lourenço, outra jovem, disse que no ano passado participou em mais de três concursos públicos, de vários sectores. Formada no curso de Ciências da Comunicação, pela Universidade Independente de Angola (UNIA), considera que não há muita transparência em alguns concursos.
Das cinco oportunidades que teve, realçou, a melhor experiência foi quando participou do recrutamento da Educação em 2018 onde obteve uma nota positiva. "Tive bom aproveitamento, mas infelizmente não consegui ingressar na Função Pública, a nota não foi suficiente para me permitir ocupar a vaga. Houve muita transparência desde a inscrição até ao dia das provas. As outras quatro, a experiência já não foi das melhores”.
As novas tecnologias, destacou, têm estado a ajudar bastante no processo de inscrição, reconhecendo os esforços do Executivo na implementação deste método. "Desta forma, as fileiras para se candidatar diminuíram muito. Por isso, vou continuar a participar dos outros concursos até um dia ser chamada”, acrescentou, adiantando que é preciso mais abertura e oportunidade para os estudantes do curso de Ciências da Comunicação, Jornalismo e Comunicação Social.
Juciany Bengue licenciada em Psicologia, na especialidade Clínica, pelo Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ) explicou que a busca de uma vaga de emprego foi quando estava a fazer o segundo ano da Universidade e que a vontade de trabalhar tem falado mais alto desde a data.
A jovem, contou, que ao concluir a licenciatura, começou a pensar em exercer a função que escolheu. "Depois de ter terminado, senti a necessidade de conquistar outros passos traçados, como ter a própria família e dar sequência a outros sonhos”, referiu. Cinco anos depois, a procura de uma oportunidade e ansiosa para ser seleccionada, continua a solicitar e a enviar o currículo para várias instituições. No mês de Março, lembrou, foi submetida a uma entrevista e posteriormente fez a formação, para trabalhar como formadora numa empresa privada. "Mas até ao momento ainda não recebi nenhuma ligação da referida empresa”.
Com 29 anos, Juciany Bengue perdeu a conta de quantos concursos já participou e lamentou não ter recebido permissão para a inscrição no concurso público da Saúde, por falta da carteira profissional e o número reduzido de vagas que havia.
Em três tentativas, Josefina da Costa é outra jovem que não conseguiu nenhuma vez. Nos últimos anos, contou, participou em muitos dos concursos realizados, entre os quais os do Ministério da Educação e do Governo Provincial de Luanda.
"Candidatei-me na esperança de conseguir o primeiro emprego, infelizmente não consegui a vaga, mas vou continuar a testar e aproveitar as oportunidades dos novos concursos. Porém, é preciso que se melhore a forma de selecção dos candidatos”.
Josefina da Costa está convicta de dias melhores e acredita na melhoria dos concursos públicos e na transparência. "Vou continuar a lutar para conseguir uma vaga de emprego, seja em empresas estatais ou privadas para poder contribuir no desenvolvimento do país”.
Para Cecília Pedro, os sonhos de uma vaga na Função Pública foram adiados várias vezes. Apesar disso, desabafou, continua expectante de um dia ser admitida num dos testes. Com 25 anos, a jovem, disse que se deveria mudar as políticas e apostar mais na capacitação dos quadros nacionais. "Para os candidatos que não forem admitidos deveria ter uma política de maneira que os mesmos sejam cadastrados numa base de dados e serem solicitados numa segunda chamada”.
Perda de emprego na Covid-19
A recessão económica agravada pela pandemia da Covid-19 esteve na base da elevada taxa de desemprego que assola os cidadãos, com particular incidência na população jovem, sobretudo para aqueles que procuram o seu primeiro emprego, assim como as pessoas com deficiência e mães adolescentes.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o impacto da Covid-19 foi claramente superior ao que se viveu com a crise global financeira de 2009.
Além de prejuízos na saúde, na economia, muitas empresas fecharam por conta da recessão económica causada pela pandemia, outras foram forçadas a reduzir o capital humano e muitos jovens ficaram no desemprego, assim como viram os sonhos adiados.
Leonor Sebastião, de 32 anos, estudante do curso de Contabilidade, contou que trabalhou como contabilista durante quatro anos e com a pandemia da Covid-19 teve de ser despedida. "Foi uma experiência desagradável. Ainda tenho problemas só de imaginar que tive de ficar em casa e repetir o processo de admissão feito anteriormente. Na altura, a tristeza tomou conta de mim. Para piorar a situação, o empregador rescindiu o contrato sem nenhuma indemnização. A nova política contratual, actualizada em 2015, beneficiava mais o empregador do que o empregado”, disse.
A jovem, lembrou que, depois de um ano desempregada a empresa voltou a chamar, mas por estar gestante, o empregador não a enquadrou nos quadros da agremiação. Acrescentou que era descontada mensalmente na Segurança Social, mas que nunca auferiu.
De acordo com Leonor Sebastião, para reduzir o nível de desempregabilidade, fruto da pandemia, o Governo deve criar políticas que beneficiam mais a juventude, construindo mais centros de formação profissional, de forma a estimular o espírito de empreendedorismo.
Estratégia para fomentar o emprego juvenil
O relatório do Banco Mundial e do INEFOP sugerem que para resolver o desafio do emprego juvenil, Angola necessita de uma estratégia mais holística, que permita a criação de empregos e oferecer também programas em curto prazo para melhorar as oportunidades dos jovens.
As políticas para afectar as limitações estruturais em longo prazo vão ajudar a economia angolana a criar e a conectar-se aos mercados, bem como aumentar o número e a produtividade dos empregos do sector privado e reforçar as instituições do mercado de trabalho.
As políticas de impacto em curto prazo centram-se em intervenções que podem ser implementadas no actual contexto económico e empresarial, ajudando os actuais e futuros trabalhadores a desenvolver as capacidades e a aceder a melhores oportunidades de emprego e rendimentos, através de trabalho assalariado ou de empresas próprias. O documento refere que o desafio é encontrar um equilíbrio entre as políticas que investem em longo prazo e as que satisfazem as necessidades dos angolanos em curto prazo.
Entre os países comparáveis, Angola ocupa uma posição elevada, tanto em termos de participação na força de trabalho juvenil, utilizando como ponto de referência a definição de juventude (15-24 anos) das Nações Unidas. O país tem a terceira maior taxa de participação da força de trabalho jovem (é apenas superada pelo Brasil e Camarões) e taxa de desemprego (menor que a da África do Sul e Argélia).
Fonte: Jornal de Angola
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