O secretário do PRS na província do Huambo, António Soliya Selende, condenou, sexta-feira, no município do Bailundo, o acto de arruaça mortal protagonizado por fiéis da seita religiosa “A Luz do Mundo”, em Abril último.
O responsável partidário manifestou o facto à imprensa à saída de uma audiência com o comandante da Polícia Nacional no município do Bailundo, superintendente José Bongo Zeca, para se inteirar das arruaças ocorridas na aldeia de Uchia, comuna do Lunge, que causou a morte de um agente da corporação.
Segundo António Soliya Selende, trata-se de uma acção a todos os títulos condenável, pois as igrejas têm a missão de apaziguar os ânimos e transmitir a palavra de Deus para os cidadãos.
Para o político, trata-se "de um grupo de beligerantes” que atenta contra a paz social, na medida em que, além da acusação de actos de arruaça, se diz estarem, igualmente, envolvidos no recebimento indevido de terrenos da população na aldeia.
"É inaceitável que se percam mais vidas humanas em 21 anos de paz, por uma seita religiosa, que devia ser controlada, apesar de Angola ser um Estado laico”, disse, citado pela Angop.
Por isso, António Soliya Selende apelou à necessidade do Governo imprimir maior rigor e cautela no reconhecimento de igrejas, tendo em conta que nem todas pregam a palavra de Deus e o bem.
Segundo um comunicado do Comando da Polícia no Huambo, o acto ocorreu quando agentes da corporação tentavam cumprir um mandado de detenção de alguns indivíduos da seita "A Luz do Mundo”, liderados, actualmente, por Isaac José Fernando, acusado dos crimes de ameaça e intimidação à população, incitação à violência e apropriação indevida de campos de cultivo.
De acordo com a versão da Polícia, o Ministério Público já havia emitido vários mandados de captura e ordenado a comparência dos mesmos, porém sem sucesso, o que levou, na sequência, à ordem da detenção dos indivíduos, encabeçados por Isaac José Fernando, que "resistiu à acção das forças da ordem, com o emprego de objectos contundentes”.
A versão da Polícia acrescenta que o acto resultou na morte de três indivíduos, incluindo o comandante comunal do Lunge, assim como no ferimento de outros elementos da seita.
Até ao momento, ainda não foi possível ouvir a versão dos acusados, incluindo do líder Isaac José Fernando, que continuam em parte incerta. Esta é a segunda vez, no espaço de oito anos, que membros desta seita se envolvem em actos de desobediência civil e resultam em mortes. A 16 de Abril de 2015, no Monte Sumi, município da Caála, província do Huambo, liderados por José Julino Kalupeteka, assassinaram nove agentes da Polícia Nacional e o delegado do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado naquela circunscrição.
Como consequência, o Tribunal Provincial do Huambo condenou, em 2016, o então líder da seita religiosa, José Julino Kalupeteka, a uma pena de 28 anos de prisão efectiva, reduzida pelo Tribunal Supremo para 23 anos.
Fonte: Jornal de Angola
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