Ex- Presidente russo adverte sobre perigo da adesão de Kiev à OTAN

O ex-Presidente e actual vice-Presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, voltou a alertar, quinta-feira, o Ocidente para os perigos da adesão da Ucrânia à aliança transatlântica (OTAN).

Numa publicação, na plataforma Telegram, o político russo começou por referir que as declarações do ex-secretário de Estado de dois Presidentes norte-americanos, nomeadamente, Richard Nixon, e Gerald Ford, ao jornal The Economist, onde este defendeu que, por questões de segurança da Europa, a Ucrânia deveria aderir à OTAN, estão erradas.

Na óptica de Medvedev, Henry Kissinger, de 99 anos, está "completamente errado” uma vez que não está em causa uma "ameaça hipotética, mas directa e óbvia”.

Na publicação, o antigo Presidente russo alertou ainda para os riscos de a Ucrânia ser aceite na aliança transatlântica "pelos actuais líderes idiotas”.

Primeiro, lembrou, "a OTAN já está a travar uma guerra híbrida” contra a Rússia e depois "o regime nacionalista ucraniano não desistirá de tentar reconquistar os territórios perdidos”.

Neste sentido, a Rússia terá "de responder duramente por todos os meios possíveis” e é aí que entra "o artigo 5º, do Tratado de Washington”, que dita que, segundo a OTAN, que "as partes concordam que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas”.

"Argumentos subtis sobre a prevenção de ameaças existenciais não funcionam durante conflitos sangrentos. Isso deve ficar claro até mesmo para aqueles que se aproximaram do centenário”, sublinhou Medvedev, referindo-se a Kissinger, que celebra o 100º aniversário no próximo dia 27 de Maio.

Recentemente, Medvedev já havia alertado que a adesão da Ucrânia à NATO iria levar o mundo para uma Terceira Guerra Mundial.

As acções da OTAN aproximam os países para um conflito mundial

O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, disse, ontem, que vê as acções da OTAN como potencialmente levando a um conflito global.

"Após a recente adesão da Finlândia à aliança e a futura adesão da Suécia, testemunhamos mais uma vez uma expansão do bloco do Atlântico Norte. Tais acções estão a colocar o mundo à beira de um conflito global muito perigoso”, disse Lukashenko à agência de notícias BelTA, durante uma reunião com os participantes da sessão do Conselho da Assembleia Parlamentar CSTO.

As tendências negativas, mencionadas repetidamente no ano passado, estão a se tornar uma realidade da política externa, enfatizou Lukashenko. Segundo este, a presença militar e o potencial ofensivo da OTAN estão a crescer ao longo das fronteiras ocidentais da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO).

Exercícios de grande escala vêm sendo realizados e a infra-estrutura militar está a ser actualizada em ritmo acelerado, inclusive em países limítrofes. "Certos países foram transformados em campos de tiro para destruir velhas e testar novas armas ocidentais", observou o Presidente bielorrusso.

Segurança regional é inviável pela expansão da OTAN

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou esta semana, que , "é impossível garantir a segurança regional através do fortalecimento e expansão de blocos militares”.

De acordo com o diplomata chinês, "a segurança de um país não deve ser garantida às custas da segurança de outros", disse em resposta a um pedido da TASS para comentar as declarações publicadas por Henry Kissinger, antigo secretário de Estado dos EUA (1973-1977) e Conselheiro de Segurança Nacional de dois Presidentes (1969-1975), sobre a possível adesão da Ucrânia à OTAN.

A China espera que todas as partes no conflito adiram a um conceito de segurança comum, abrangente e sustentável, acrescentou Wang. Segundo o diplomata, isto poderá ser conseguido através do diálogo e consultas baseadas no respeito pelos legítimos interesses de segurança de todas as partes.

A 17 de Maio, a revista The Economist publicou uma entrevista com Kissinger, que completa 100 anos a 27 de Maio. Na entrevista, o decano da diplomacia americana e veterano praticante de geopolítica disse que a Ucrânia deveria se tornar um Estado membro da OTAN. Segundo Kissinger, a adesão da Ucrânia à Aliança do Atlântico Norte seria do interesse tanto de Kiev quanto de Moscovo, e serviria como garantia contra qualquer tentativa futura da liderança ucraniana de resolver disputas territoriais através de meios militares.

Kissinger reconheceu que mudou seu ponto de vista sobre a potencial adesão da Ucrânia à OTAN, dizendo que preferiria evitar uma situação em que a Ucrânia se tornasse um Estado neutro não alinhado.

Fonte: Jornal de Angola

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