Pelo menos 11 autores de uma tentativa de “golpe” de Estado frustrado em Dezembro de 2022, no Tchad, condenados a 20 anos de prisão, segundo o Ministério Público, podem ser perdoados, revelou, esta terça-feira, a Presidência da República, citada pela AFP.
No início de Janeiro, o Governo anunciou a prisão de dez oficiais e de um activista de Direitos Humanos, Baradine Berdei Targuio, apresentado como o mentor de uma "tentativa de desestabilizar” a "ordem constitucional” e as "instituições da República”. Berdei Targuio, presidente da Organização Thadiana de Direitos Humanos (OTDH), é um conhecido defensor dos direitos humanos e um crítico do actual regime.
Os 11 homens, que foram detidos na prisão de alta segurança Koro Toro, 600 quilómetros da capital, foram condenados a 20 anos de prisão, disse Mahamat El-Hadj Abba Nana, procurador-geral do tribunal de apelação de N'Djamena. Eles foram condenados por atentado contra a ordem constitucional, porte ilegal de armas e associação criminosa, informou a televisão nacional.
Em 21 de Abril, o Presidente do Tchad, general Mahamat Idriss Déby Itno, prometeu a libertação de pelo menos 12 homens, incluindo 11 oficiais do Exército, acusados de terem tentado um "golpe” em De-
zembro de 2022. "O Presidente cumprirá a sua promessa”, garantiu à AFP Brah Mahamat, porta-voz da Presidência tchadiana, especificando que a sentença deve ser pronunciada antes do indulto presidencial.
Mahamat Déby tinha sido proclamado presidente de transição há dois anos pelo exército, à frente de uma junta de 15 generais, ao anunciar a morte do seu pai, Idriss Déby Itno, morto na frente de combate contra rebeldes depois de governar o país durante 30 anos. Apesar da promessa de devolver o poder aos civis por meio de eleições após 18 meses, ele foi reconduzido em Outubro de 2022 - após um fórum de reconciliação nacional boicotado pela oposição e pelos principais movimentos re-beldes - para um novo período de dois anos.
No final de Março, Mahamat Déby já tinha perdoado a 259 jovens condenados à prisão por terem, segundo as autoridades, participado em 20 de Outubro de 2022, data do fim do primeiro período de transição, numa manifestação em N'Djamena contra a sua continuação no poder. Esta manifestação foi reprimida de forma sangrenta pelas Forças de Segurança e matou 73 pessoas, segundo o Governo, e muitas mais de acordo com ONG.
Força regional mata 60 terroristas
Uma força regional antiterrorista que envolve soldados do Benin, Camarões, Tchad, Níger e Nigéria aniquilou mais de 60 terroristas no Oeste do terretório tchadiano, um dos bastiões do grupo Boko Haram, revelou ontem à EFE uma fonte militar. "As tropas da Força Mista Multinacional (FMM) prepararam bem o ataque, o que nos permitiu matar 65 terroristas sem qualquer perda de vidas nas nossas fileiras”, disse o porta-voz do Exército tchadiano, general Azem Bermando.
Segundo Bermando, os confrontos ocorreram próximo do Lago Tchad e duraram três horas. Durante esta operação, os militares também recuperaram várias armas dos terroristas, incluindo armamento pesado, acrescentou a mesma fonte. O FMM, fundado em 1994 e sediado em N'Djamena, a capital do Tchad, tem como objectivo acabar com as ameaças do Boko Haram e de outros grupos terroristas que operam na região.
O Lago Tchad, uma área de mais de 25 mil quilómetros quadrados de pântanos, água e dezenas de ilhas partilhadas pela Nigéria, Níger, Camarões e Tchad, surgiu como um refúgio ideal para o grupo terrorista nigeriano Boko Haram e a sua ramificação, o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP). Os dois grupos pretendem impor um Estado de tipo islâmico na Nigéria, um país de maioria muçulmana no Norte e predominantemente cristã no Sul.
Entretanto, pelo menos 37 pessoas foram mortas entre segunda-feira e ontem no Tchad em confrontos entre pastores e agricultores numa localidade do Sudoeste do país, anunciaram as autoridades locais. "Os confrontos foram desencadeados pelo assassínio de dois pastores, por um desconhecido, nas imediações da aldeia de Kabba”, disse à agência de notícias espanhola EFE, por telefone, Ignace Madang, chefe da aldeia do Departamento de Monts de Lam.
"Os pastores acusaram os agricultores de estarem por detrás destes crimes. Organizaram-se para atacar a aldeia e os camponeses também tentaram defender-se”, afirmou Madang, adiantando que os dois lados lutaram com flechas e espingardas.
Fonte: Jornal de Angola
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