Avião militar abatido por tiros de artilharia

 
Um caça foi abatido ontem em Cartum, a capital do Sudão, onde tiros de artilharia atingiram vários bairros, disseram testemunhas citadas pela AFP. O Exército sudanês, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, está em guerra desde 15 de Abril com os paramilitares liderados pelo ex-número dois, o general Mohamed Hamdane Daglo.

O conflito já matou cerca de 3 mil pessoas, segundo a ONG Acled, e fez 2,8 milhões de deslocados e refugiados, segundo a ONU. Em Cartum e na região Oeste de Darfur, os combates afectaram principalmente os bairros densamente povoados. As ruas estão repletas de cadáveres e as casas foram alvo de mísseis, disseram testemunhas. Presos pelos combates, os civis tiveram que racionalizar água, comida, electricidade e remédios por quase três meses.

Entretanto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou na terça-feira, em Genebra, a morte de 28 refugiados que tentavam fugir dos bombardeamentos em Cartum, reiterando o apelo às forças em conflito no Sudão para pouparem os civis. "Mais uma vez, os refugiados e outros civis são as vítimas inocentes desta trágica guerra. Ambas as partes devem permitir que os civis se desloquem para locais mais seguros, garantindo a sua protecção, bem-estar e respeitando os direitos humanos fundamentais”, afirmou Mamadou Dian Balde, director regional do ACNUR para o Leste e Corno de África e a Região dos Grandes Lagos.

Referindo-se a "vítimas indiscriminadas dos combates, impedidas de procurar segurança”, a agência da ONU revelou que foi confirmado que, "a 25 de Junho, 28 refugiados acolhidos pelo Sudão foram mortos em Cartum, quando a zona onde viviam foi engolida pelos combates, tendo outros refugiados ficado feridos”. Antes deste conflito, que opõe o Exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF), unidade paramilitar que luta pelo poder, havia 1,1 milhão de refugiados no Sudão, principalmente do Sudão do Sul, Eritreia, Etiópia e Síria.

Antes da morte dos 28 refugiados, mais de 500 refugiados que tentavam escapar do conflito em Cartum e noutros locais afectados terão sido interceptados por grupos armados a caminho de um local seguro e impedidos de prosseguir.

O ACNUR está a acompanhar a situação dos refugiados retidos em Cartum, prestando aconselhamento de protecção através de linhas directas para os ajudar a encontrar segurança e meios para se deslocarem para zonas seguras, conforme a situação o permita, referiu a agência da ONU em comunicado, quando continuam a verificar-se intensos ataques na capital, a região mais visada neste conflito que começou a 15 de Abril.

Três milhões de pessoas abandonaram as suas casas

Cerca de três milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, anunciou ontem a Organização Internacional para as Migrações (OIM). O mais recente relatório da agência revelou que "cerca de 2,2 milhões de pessoas (447.031 famílias) foram deslocadas internamente pelo conflito” até Junho, quase 70% dos quais fugiram da capital, Cartum. Cerca de 11,47% fugiram das suas casas no estado de Darfur Ocidental, outra das áreas mais afectadas pelo conflito e pelos combates. Quase 50% dos deslocados procuraram refúgio dentro do Sudão em estados mais seguros, como Nilo Norte e Nilo Branco.

Além disso, 697.151 pessoas, incluindo refugiados, requerentes de asilo e retornados, atravessaram a frontweira para países vizinhos como Egipto, Líbia, Tchad, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Etiópia até 3 de Julho, de acordo com a agência de migração da ONU. O número exacto de vítimas dos combates não é possível contabilizar, devido à situação de insegurança, mas pelo menos 1.173 civis foram mortos e 11.704 feridos, de acordo com a actualização de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), citando o Ministério da Saúde sudanês, em meados de Junho.
Fonte: Jornal de Angola

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