Lula quer retomar boa relação com África


O Presidente brasileiro afirmou quarta-feira à noite, na Praia, que o seu país ficou muito tempo afastado da África, mas prometeu recuperar a "boa e produtiva" relação com o continente, que quer ajudar com transferência de tecnologia e formação.

"A verdade é que o Brasil ficou afastado do mundo durante os últimos seis anos e da África também ficou afastado há muito tempo. E eu quero recuperar essa relação com o continente africano", prometeu Luiz Inácio Lula da Silva, numa declaração à imprensa, após um encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, na capital de Cabo Verde.

O encontro, de cerca de uma hora, decorreu no aeroporto internacional da Praia durante uma paragem de Lula da Silva antes de regressar ao Brasil, depois de participar na cimeira entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Bruxelas. O Presidente brasileiro disse que o Brasil tem uma "profunda gratidão" ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no seu país.

"Nós achamos que a forma de pagamento que um país como o Brasil pode fazer é, na verdade, a transferência de tecnologia e a possibilidade de formação de gente para que tenha especialização nas várias áreas que o continente africano precisa e ajudar na possibilidade de industrialização, na possibilidade da agricultura", apontou, numa declaração à imprensa, sem direito a perguntas dos jornalistas. No seu terceiro mandato, depois dos dois entre 2003 e 2011, Lula da Silva prometeu recuperar a "boa e produtiva" relação que o Brasil tinha com o continente africano.

Enfatizando que "os valores da democracia voltaram a reinar no Brasil", após o mandato do seu antecessor, Jair Bolsonaro, disse que o mundo também "precisa de democracia", pelo que vai tratar o continente "com o carinho que o povo africano merece". Prometeu visitar vários países africanos neste e no próximo ano, bem como abrir embaixadas nos países em que o Brasil ainda não tem.

"Quero fazer muitas reuniões com várias especialidades africanas para que a gente defina no que é que o Brasil pode ajudar mais o continente africano. O Brasil voltou ao mundo e o Brasil voltou para contribuir com o desenvolvimento dos países amigos", garantiu. Quanto a Cabo Verde, prometeu voltar ao país, numa visita de Estado, para fazer uma "discussão mais profunda" sobre a relação entre os dois países.

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, também disse esperar receber "proximamente" o seu homólogo brasileiro para uma visita de Estado, para "trazer esse novo Brasil a Cabo Verde e a África". Dizendo que Lula é um "grande amigo" da África e de Cabo Verde, José Maria Neves sublinhou que os dois países têm "excelentes relações de cooperação", destacando centenas de quadros cabo-verdianos que estudaram naquele país, inclusive ele próprio.

Buscas a residências de acusados de ofender Juiz

A Polícia Federal do Brasil anunciou ontem mandados de busca e apreensão nas casas de três pessoas acusadas de insultar o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e de agredir o seu filho no aeroporto de Roma. As ordens judiciais surgem no âmbito de investigação que apura os crimes de injúria, perseguição e desacato praticados contra ministro do STF, na última sexta-feira, no Aeroporto Internacional de Roma, capital italiana”, indicou a Polícia Federal em comunicado.

A imprensa local indicou que as buscas foram realizadas na residência do empresário Roberto Mantovani Filho e da sua mulher, Andrea Mantovani, e ainda do empresário Alex Zanatta.As autoridades foram autorizadas pelo STF, e os policiais foram autorizados a recolher aparelhos eletrónicos e documentos. As ofensas atribuídas como se fossem de Andrea ao ministro Alexandre de Moraes foram, provavelmente, proferidas por outra pessoa, não por ela”, declarou a defesa.

O juiz do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil foi alvo de insultos e de uma tentativa de agressão, um incidente já condenado este sábado por autoridades governamentais, parlamentares e da oposição. De acordo com a imprensa local, o juiz Alexandre de Moraes foi vítima de insultos e até mesmo de tentativas de agressão física na sexta-feira por parte de três brasileiros, que gritaram "bandido, comunista e comprado” no aeroporto de Roma, cidade onde fará uma série de palestras.

Além de membro do Supremo Tribunal Federal, Moraes é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, alvo de duras críticas e ameaças de apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro, a quem o tribunal retirou os direitos políticos por "abusos de poder” cometidos durante a campanha eleitoral de 2022.

Nessas eleições, Luiz Inácio Lula da Silva venceu, mas Bolsonaro recusou-se a reconhecer e chegou a insinuar uma suposta fraude.

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