A Polícia espanhola anunciou, sexta-feira, o desmantelamento de uma organização que traficava mais de 200 imigrantes sírios e argelinos, tirando-os da Argélia para Espanha.
"Uma rede criminosa transnacional, que trouxe migrantes sírios e argelinos para a União Europeia, foi desmantelada. Liderado desde a Líbia à Espanha, tinha células no Sudão, na Libéria e na Argélia”, disse a Polícia num comunicado citado pela Efe.
Quinze pessoas foram detidas no Sul de Espanha no âmbito desta operação realizada em colaboração com a Europol e as autoridades alemãs e norueguesas.
A investigação determinou que esta organização, que também se dedica ao tráfico de drogas e armas, trouxe "mais de 200 migrantes" da Argélia para a Espanha "em lanchas muito rápidas pilotadas por indivíduos armados".
A rede pedia "entre 7 mil e 20 mil euros por pessoa" para atravessar o Mediterrâneo, disseram as autoridades espanholas.
Perto de mil pessoas morreram no mar Mediterrâneo e no oceano Atlântico nos primeiros seis meses deste ano quando tentavam chegar à Espanha, divulgou, ontem, a organização não-governamental (ONG) Caminhando Fronteiras.
A ONG espanhola, que recolhe dados de fontes oficiais e junto de comunidades de migrantes e outras organizações sociais no terreno, contabilizou 951 vítimas entre Janeiro e Junho, numa média de cinco mortos por dia em naufrágios documentados e em 19 embarcações perdidas em alto mar com todas as pessoas que iam a bordo dadas como desaparecidas.
Entre os mortos havia 112 mulheres e 49 crianças e as vítimas eram oriundas de 14 países africanos e do Médio Oriente, segundo os dados recolhidos pela Caminhando Fronteiras.
A maioria das vítimas foram identificadas na designada "rota das Canárias”, no Atlântico, entre a costa ocidental marroquina e o arquipélago espanhol das Canárias, onde morreram 778 pessoas no primeiro semestre do ano em "28 tragédias” com embarcações.
Os outros naufrágios e mortos ocorreram no Mediterrâneo, entre as costas da Argélia, Marrocos e de Espanha.
A organização sublinhou que documentou diversos casos de violação de Direitos Humanos das vítimas mortais e das suas famílias, assim como dos sobreviventes dos naufrágios, sujeitos a "detenções, deslocações forçadas e ataques físicos”. Quanto às vítimas desaparecidas, "sofreram a negação do direito de ser procuradas” e nos casos em que foram recuperados os corpos, foram enterrados em valas comuns, sem respeito pelos protocolos de identificação "com garantias”, acrescentou a ONG.
Jovens tunisinos pedem vingança
Jovens tunisinos pediram ontem vingança no funeral de um homem esfaqueado até à morte, durante uma briga entre residentes e migrantes da África Subsaariana.
Três imigrantes da África Subsaariana foram presos como suspeitos da morte por esfaqueamento de um homem na cidade costeira de Sfax, na Tunísia, disse um porta-voz do tribunal, citado pela AFP.
Sfax é a segunda maior cidade do país do Norte da África e um ponto de partida para muitos migrantes que esperam chegar à Itália. Segundo testemunhas, a tensão tem vindo a aumentar, entre os locais e os imigrantes provenientes dos países a Sul do Sahara.
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