Kagame elogia resistência pelo avanço da unidade nacional

 

Kagame elogia resistência pelo avanço da unidade nacional

O Presidente do Rwanda, Paul Kagame, elogiou na sexta-feira, 07, a resistência dos rwandeses em fazer avançar a unidade do país e deixar para trás uma tragédia cujas “feridas ainda são profundas”, isso nas cerimónias para assinalar os 29 anos do genocídio de 1994.

09/04/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 12H45
Paul Kagame orgulhoso da capacidade de superação do povo rwandeses © Fotografia por: DR

"É muito claro que as feridas ainda são profundas, mas aos rwandeses agradeço a todos vós por se recusarem a ser definidos por esta trágica história”, disse Kagame, citado pela AFP, na abertura das cerimónias que assinalam o genocídio de que foram alvo os Tutsis, no qual morreram mais de 800 mil pessoas.

O Presidente rwandês discursou logo após acender uma chama simbólica no Memorial do Genocídio, em Kigali, onde estão enterradas mais de 250 mil pessoas mortas durante os massacres. "O povo conseguiu virar a página e deixar para trás o luto e o choro”, disse o Chefe de Estado, que recordou que o mundo "virou as costas” ao Rwanda porque não veio em seu auxílio quando o genocídio contra os Tutsis estava a ter lugar.

"Ninguém decidirá por nós como viver as nossas vidas. Temos uma força, uma força incrível que vem desta história que nos informa, que nos diz que nunca devemos permitir que ninguém nos dite como vivemos as nossas vidas”, acrescentou Kagame. Até ao próximo mês de Julho, o aniversário do momento em que os rebeldes rwandeses derrubaram o Governo que liderou o genocídio, haverá inúmeros eventos comemorativos conhecidos como 'Kwibuka' (que significa 'recordar') que serão realizados em todo o país.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o mundo não se deve esquecer do genocídio rwandês e instou os países a rejeitarem o ódio e a intolerância que podem ser desencadeados por tais assassinatos.

"Prestamos homenagem à resiliência dos sobreviventes. Reconhecemos a viagem do povo ruandês em direcção à cura, restauração e reconciliação. Recordamos, com vergonha, o fracasso da comunidade internacional”, salientou Guterres. O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, felicitou ontem o Rwanda pela sua determinação em "ressuscitar das cinzas, reconstruir o país e reconciliar”.

 

Primeiro-Ministro belga fala em "Unir forças”

"Numa altura em que o discurso do ódio está a atingir níveis perigosos na região, devemos recordar o passado mais do que nunca e unir forças”, disse o ex-Primeiro-Ministro belga na rede social Twitter. 

As tensões que desencadearam o genocídio remontam ao final do século XIX, quando os governos coloniais alemão e mais tarde belga separaram a população do Rwanda em dois grupos fechados: os Tutsis, que representavam 14% da população, e a maioria dos Hutus.

Os problemas entre estes dois grupos, que em momentos diferentes da sua história tiveram mais ou menos privilégios graças à marginalização ou exploração do outro, levaram a uma guerra civil entre o Governo pró-Hutu rwandês e os rebeldes da Frente Patriótica Rwandesa (RPF), liderada por Kagame. Na noite de 6 de Abril de 1994, a queda do avião que transportava o então Presidente rwandês, Juvénal Habyarimana, e o Presidente burundês, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, matou os dois e desencadeou o genocídio contra os tutsis. Pelo menos 800 mil pessoas morreram em cerca de 100 dias no que é considerado um dos piores genocídios da história humana recente.

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