Estefânia Nazareth, de 36 anos, residente da rua de Dio, por trás do Beiral, zona que divide os distritos do Rangel e Cazenga, viu parte da casa demolida, nas primeiras horas da manhã de ontem, quando começou a ventania, que anunciava um dia de chuva por toda a cidade de Luanda.
A situação foi tão grave que levou ao corte de energia eléctrica na zona. A família de Estefânia não tem condições para abandonar a residência e estava a usar, até ao final do dia, o muro que une a sua casa à de outra rua, para saírem. Além do prejuízo ao imobiliário em muitos bairros de Luanda, a chuva causou inúmeras dificuldades na circulação rodoviária, desde as primeiras horas do dia. Num cenário já muito comum, eram longas as filas de veículos em vários pontos da capital.
Com o engarrafamento e mesmo no final do dia, quando a chuva já perdia a intensidade, um outro cenário começou a surgir: as enchentes nas paragens de táxi e autocarros. Serafina Zumbe, empregada doméstica que trabalha na Maianga e reside em Viana, era uma das pessoas a espera do transporte para voltar à casa, depois de um dia de trabalho.
À reportagem do Jornal de Angola disse que devido as dificuldades de transporte nas paragens, caminhou da Maianga até aos Congolenses a pé. "Tem táxis, mas muitos estão a encurtar as rotas. Os autocarros estavam muito cheios”, confessou, além de que não tinha condições financeiras para gastar com os taxistas. "Caminhei porque preciso poupar o pouco dinheiro que tenho. As rotas curtas só favorecem os taxistas”.
Molhada pela chuva miúda que ainda caía, apesar de aos poucos, disse que é o comum acontecer nos dias de chuva. "Ainda bem que não é algo constante, se não teríamos muitas dificuldades. Já não tenho força para grandes caminhadas e nem valores suficientes para suportar as despesas”, lamentou.
A dificuldade de mobilidade quando chove, criticou, é sempre a mesma, "em todas as paragens”. "Por isso, a população prefere caminhar. Mesmo usar autocarros nesta altura é complicado. Há muita confusão”.
Paragem forçada
Durante o período em que chovia na capital muitas paragens de táxi registaram enchentes de horas, causadas em parte pelos trabalhadores que decidiram sair mais cedo do local de serviço para casa e também pela paragem "forçada” de muitos táxis, que preferiram não circular enquanto chovia.
Apenas entre às 16h00 e às 19h00 já era possível ver alguns táxis a retomarem a actividade, de forma normal. Zonas como Viana, Zango, Calemba 2, Samba, Cuca, Hoji-ya-Henda, Benfica, 11 de Novembro, Kilamba e alguns pontos da avenida Deolinda Rodrigues, estavam intransitáveis e totalmente congestionadas, devido a queda de árvores em certos locais e a avaria de viaturas.