Rússia e Nações Unidas discutem operacionalização do acordo

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, e o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, vão discutir o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro na próxima semana.

Segundo avança a agência de notícias russa TASS, o encontro decorrerá em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA) e surge numa altura em que a Rússia já alertou que poderá não prolongar o acordo.

Na semana passada, Lavrov afirmou que "sem progressos na solução de cinco problemas sistémicos não se pode falar de estender a Iniciativa do Mar Negro”, que está em vigor até ao próximo dia 18 de Maio.

Sublinhe-se que a Iniciativa do Mar Negro para a circulação de cereais foi assinada em Julho do ano passado entre a Ucrânia e a Rússia, sob a intervenção diplomática da Turquia.

O acordo estabeleceu um prazo de 120 dias, renovável pelo mesmo período sob a concordância das partes. No passado dia 18 de Março, a Rússia prolongou a vigência do tratado apenas por 60 dias porque, segundo Moscovo, só se cumpriu "metade do acordo”. O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de Fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates. 

Medvedev acusa EUA de "hipocrisia

O ex-Presidente e actual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, criticou, na segunda-feira, o Grupo dos sete países mais industrializados do mundo por exortar Moscovo a "reafirmar a inadmissibilidade da guerra nuclear” e acusou os Estados Unidos da América (EUA) de "hipocrisia”.

Numa publicação na plataforma Telegram, o ex-líder russo comentou um discurso do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, onde o responsável frisou que o G7 está "empenhado em manter e reforçar os esforços de desarmamento e não-proliferação no sentido de um mundo mais seguro e estável”.

No discurso, Blinken falou sobre Hiroshima e Nagasaki, que é "a mais poderosa recordação da devastação sem precedentes e do imenso sofrimento humano que o povo do Japão vivenciou como resultado das bombas atómicas de 1945”.

Medvedev enalteceu, contudo, que Blinken "não mencionou que foi o seu país que cometeu esse crime” e acusou os EUA de serem "criaturas mentirosas”, que "usam armas nucleares e não se arrependem”.

"Eles são infinitamente hipócritas e mentem a eles próprios e aos outros, mas dizem que o nosso país está a espalhar ‘informações falsas’ sobre a Ucrânia. Exigem que a Rússia lhes dê algumas garantias sobre armas nucleares, mas na verdade insinuam um conflito nuclear entre o nosso país e a NATO”, destacou o político russo.

O G7 encontra-se reunido no Japão, onde, recorda Medvedev, "centenas de milhares morreram devido aos bombardeamentos nucleares”. "É um país cuja liderança cospe nas sepulturas dos seus compatriotas mortos pelos americanos”, atirou.

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