Kabila desmente ter dado refúgio às ADF


O ex-Presidente da República Democrática do Congo (RDC) Joseph Kabila rejeitou, nesta segunda-feira, as acusações do Uganda, segundo a qual, terá dado refúgio a rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês).

Na semana passada, o Presidente de Uganda, Yoweri Museveni, disse que Kabila permitiu que o grupo rebelde islâmico expandisse e explorasse recursos minerais durante o seu o mandato como líder congolês.

Em resposta às acusações, o porta-voz de Kabila disse em um comunicado citado pela AFP que o seu Governo reconheceu as ADF como uma organização terrorista e manteve a comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, informada "sobre os abusos perpetrados e a necessidade de intervir".

O porta-voz acrescentou que "estas organizações internacionais rejeitaram esta qualificação do Governo congolês da palavra 'terrorista'. Já passou da hora de os factos provarem que Joseph Kabila estava certo e que era necessário intervir urgentemente”, disse.

As ADF foram fundadas em 1996 e era originalmente um grupo rebelde ugandês, que realizava ataques na região de Rwenzori, no Oeste do Uganda.

Os rebeldes acabaram por ser expulsos e fugiram através da fronteira para as selvas do Leste da RDC.

As ADF, que prometeram lealdade ao Estado Islâmico, continuam a realizar ataques no Congo contra alvos civis e militares e também ocasionalmente realizam assassinatos em Uganda. No mês passado, combatentes cruzaram a fronteira para o Uganda, onde atacaram uma escola secundária, massacrando 42 pessoas, a maioria estudantes.

Apoio da União Europeia

A União Europeia (UE) aprovou, ontem, uma verba de 20 milhões de euros, ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP), para a 31.ª Brigada de Reacção Rápida das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC).

Através desta medida de assistência, a UE vai fornecer equipamento individual básico e não letal, como estojos de primeiros socorros e vestuário, e ainda equipamento colectivo, como estojos de luta contra os engenhos explosivos, veículos e rádios, à 31.ª Brigada de Reacção Rápida das FARDC.

A verba vai financiar ainda a reabilitação do quartel-general da brigada, que opera no Leste da RDC e o apoio da UE, segundo um comunicado, "vai reforçar as capacidades e a resiliência das FARDC numa região marcada pela presença de mais de uma centena de grupos armados".

O Conselho da UE destaca ainda que, tal como acontece com qualquer apoio no âmbito do MEAP, esta medida de assistência implica um conjunto de controlos, salvaguardas e medidas de acompanhamento destinadas, nomeadamente, a garantir a utilização adequada do equipamento pela brigada e o respeito pelos direitos humanos e pelo direito humanitário internacional.

O mecanismo de apoio à paz foi criado em 22 de Março de 2021 e é um instrumento extra-orçamental destinado a reforçar a capacidade da UE para prevenir conflitos, consolidar a paz e reforçar a segurança internacional. Há mais de duas décadas, o Leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes, apesar da presença da missão das Nações Unidas no país, com cerca de 16.000 efectivos no terreno.

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