Rússia reitera indisponibilidade para renovar acordo de cereais no Mar Negro


O ministro dos Relações Exteriores da Rússia, Serguey Lavrov, declarou, esta terça-feira, que o seu país não tenciona renovar o acordo para a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, uma vez que as exigências russas nunca foram cumpridas.

O acordo, que expira na próxima semana, foi assinado no Verão de 2022, em Istambul, pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia. O documento abrangia também a exportação de fertilizantes e de produtos alimentares russos.

Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de melhoria do acordo, Lavrov afirmou que "não se pode melhorar algo que não existe”.

Lavrov disse que "da parte russa (...) nenhum dos pontos (do acordo) foi, alguma vez, cumprido”.

"Há muito tempo, muitos meses, ouvimos dos representantes do Secretariado da ONU, do Secretário-Geral, António Guterres, daqueles que foram encarregados de lidar com o assunto, que fazem esforços desmedidos (...) que não levaram a nenhum resultado”, disse o chefe da diplomacia russa.

Mais adiante, Lavrov avançou que, apesar do fracasso desta iniciativa, a Rússia está pronta para "satisfazer todas as necessidades, inclusive adicionais”, dos parceiros árabes.

"Não há nenhum obstáculo para isso. E nenhuma condição é exigida que dependa de quem não pode cumprir os seus compromissos”, acrescentou, numa alusão aos representantes das Nações Unidas.

O porta-voz da Presidência russa reiterou ontem que para já "nada mudou em relação ao acordo, pelo que não se pode dizer nada de novo”, frisando que "a situação de facto é bem conhecida”.

Embora não tenha sido contundente a esse respeito, a Rússia tem, repetidamente, sinalizado que não pretende alargar a chamada Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, alegando que, por um lado, se tornou um pacto comercial e não humanitário e, por outro lado, o memorando russo continua por cumprir.

Moscovo tem contestado os entraves sobre as suas exportações de fertilizantes e de produtos alimentares, alegando que o sector agrícola russo está a ser prejudicado pelas sanções impostas pelo Ocidente na sequência do início da guerra na Ucrânia, isso em Fevereiro de 2022.

As exigências da Rússia incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueio da logística de transportes e dos seguros, o descongelamento de activos e a reabertura do oleoduto de amoníaco Togliatti-Odessa, que explodiu a 5 de Junho.

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