Petro de Luanda quer ser potência em África

 

Petro de Luanda quer ser potência em África

António de Brito

Tricolores têm acordos firmados com a La Liga e o clube Villarreal para serem bem-sucedidos no projecto

04/04/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 08H56
Clube liderado por Tomás Faria (à direita), bebeu da experiência do futebol espanhol © Fotografia por: DR

A direcção do Petro de Luanda cria as bases necessárias para, num futuro não muito distante, se tornar num dos maiores clubes de África, quer a nível competitivo quer de negócios. Para tornar o sonho realizável, o conjunto petrolífero firmou um acordo de parceria com a La Liga e o Villarreal FC, com o intuito de contribuir para o crescimento da colectividade em diversas áreas desportivas. Em entrevista ao Jornal de Angola, Tomás Faria, presidente de direcção do clube, fala das vantagens do acordo com o consórcio que gere o principal campeonato de futebol espanhol e a agremiação da província de Castellón, após a visita efectuada ao Reino de Espanha.  

"O Petro, e o desporto no geral, faz parte de uma indústria altamente dinâmica, concorrencial e competitiva, que é a do entretenimento. Somos promotores de espectáculos desportivos, com milhões de seguidores que acompanham as nossas actividades e vibram com as nossas vitórias. Temos de nos preparar rapidamente para esta realidade, para ser muito forte, competitivos e atractivos nesta indústria como um todo, não só na componente desportiva, mas também na de negócio", disse, acrescentando que "estabelecemos uma parceria com a La Liga e o Villarreal para um projecto de consultoria, em que estes parceiros transmitem ao nosso clube um conjunto de boas práticas internacionais, que possam ser aplicadas na nossa realidade".  

Em função dos acordos firmados, Tomás Faria considerou proveitosa a visita à Espanha, na qual participou de vários encontros com entidades de departamentos de marcas, negócios e comercial da La Liga.

"Tivemos a oportunidade de receber um conjunto de inputs e de dar também o nosso ponto de vista sobre os mesmos, alinhando os melhores exemplos que nos foram transmitidos à realidade do nosso país e do nosso clube. Estas trocas de experiências são fundamentais para o nosso sucesso, uma vez que instituições como a La Liga estão muito bem estruturadas e têm quadros com enorme know how, que, para além de nos transmitirem o seu conhecimento e pontos de vista, vão também transmitindo as diferentes experiências que têm realizado nos próprios clubes da La Liga e assim, permite-nos também ter melhores bases para tomadas de decisão, com base em casos concretos", referiu, acrescentando, no entanto, que "estes conhecimentos, agregam valor aos nossos profissionais, ao nosso clube e, em simultâneo, preparam-nos melhor para uma realidade que será cada vez mais premente no nosso desporto".

"Ao termos estas experiências, estamos, seguramente, mais preparados para abordar o nosso tecido empresarial, as nossas parcerias futuras e, consequentemente, a credibilidade e segurança que os nossos parceiros terão ao investir na marca Petro."  

Na mesma digressão ao país ibérico, o dirigente petrolífero assistiu à festa de centenário do Villarreal, bem como radiografou e constatou a realidade do emblema espanhol.

"É muito interessante perceber como um clube como o Villarreal se transformou, tão rapidamente, num dos maiores de Espanha e de dimensão internacional, pois nos últimos três anos, conseguiram vencer uma Liga Europa e chegar às meias-finais da Liga dos Campeões. O Petro é um clube de outra dimensão em termos de adeptos e fanáticos, mas tem a ambição de alcançar sucesso desportivo e uma transformação rápida e sustentada em termos de negócio e adaptação a esta exigente indústria do entretenimento.

Acreditamos que é o clube certo para tomarmos como exemplo em várias situações, pois esta capacidade de adaptação, à forma sustentada como gerem a sua vertente desportiva e, em simultâneo, a vertente empresarial, bilhética, relação com o tecido empresarial e com a comunidade em geral, é algo que devemos entender e seguir o exemplo desta transformação, com os devidos ajustes, tendo em conta a nossa realidade", frisou Tomás Faria.


MARCAS E DESPORTO  
"As empresas não apoiam por apoiar”

As marcas e o desporto em Angola não têm um "relacionamento sólido", já que não houve o cuidado que ambas merecem, na medida em que os investidores nacionais direccionam as suas acções para as outras áreas como, por exemplo, a música.  

Tomás Faria, presidente do Petro de Luanda, reconhece que as marcas e o desporto não têm andado de mãos dadas no país, mas defende uma nova abordagem para a melhoria do ambiente de negócio. "Os clubes e agentes desportivos têm de ter um plano claro de vantagem para as marcas, de forma a que quem investir nelas possa ter o devido retorno. Não estou a falar de retorno de imagem e notoriedade. Estou a referir-me ao retorno comercial, vendas e negócio", explicou o dirigente.  

Segundo Tomás Faria, o tecido empresarial tem a plena noção da importância que o desporto tem no país e a relevância que pode ter para o sucesso das marcas e do negócio de quem investe no desporto. "Nos dias que correm, as empresas não apoiam por apoiar. Se o fazem é algo espontâneo e sem continuidade, sem garantias. Se conseguirmos criar condições claras para que as empresas e marcas possam ganhar com o desporto e engrandecê-lo, claramente que as marcas voltarão a investir e com muito afinco no desporto", garantiu o gestor desportivo.   


OBTENÇÃO DE RECEITAS  
Autonomia financeira é a meta   

Com base na parceira estratégica com o consórcio La Liga e o Villarreal, o Petro de Luanda definiu, como uma das prioridades, a melhoria da autonomia financeira. A meta é alcançar 20 por cento, por via da exploração directa do clube, até 2024.  

No quadro da política de obtenção de receitas e expansão da marca clube-empresa, Tomás Faria efectuou uma visita de constatação às infra-estruturas do Villarreal, visando a construção de um estádio no país.  

Questionado sobre os incentivos do Governo para que os clubes busquem a autonomia financeira, Tomás Faria foi directo na resposta: "penso que esta é a essência que todos temos de buscar".

"Estamos conscientes que o nosso país tem muitas limitações ao nível das principais fontes de receitas, nomeadamente nas receitas relativas aos direitos televisivos, que outros campeonatos têm e que representam um enorme contributo para os seus orçamentos", salientou.

Os clubes têm de buscar a sua própria autonomia financeira, mesmo não sendo de um dia para o outro. Há um caminho que as equipas têm de começar a fazer, e nós, Petro, estamos muito apostados nessa direcção", acrescentou.

A formação petrolífera tem em curso um plano de autonomia financeira, para o sucesso que se pretende, pois uma e outra complementam-se e fortalecem-se, como salienta o líder de direcção do Petro.

"Temos objectivos muito bem definidos e sabemos o que fazer para lá chegar. Este ano, a nível nacional, está a correr bem, mas tivemos um revés nos objectivos continentais. Sabemos que não ganharemos sempre e que o percurso tem obstáculos, mas estamos a preparar-nos para sermos ainda mais fortes, no futuro. Queremos dominar as competições nacionais e estar entre os melhores de África, nas modalidades nu-cleares do clube como o futebol, o basquetebol e  andebol feminino", explicou, revelando em seguida que o Petro tem um projecto ambicioso na componente de negócio, que passa por um plano de autonomia financeira, que é um programa dividido em fases e objectivos.

"Esta é uma aposta e prioridade do clube. Daí termos estabelecido a parceria com a La Liga. A este nível pretendemos claramente entrar numa nova dinâmica comercial, marketing e negócios, que visam alavancar as receitas do clube, de uma forma sustentada em parcerias, e reforço claramente o termo parceria, pois estamos a desenvolver um plano muito completo, baseado nas melhores práticas internacionais da indústria, plano esse que permitirá que as marcas que sejam nossas parceiras, possam crescer connosco e, consequentemente, o Petro crescer também com estas parcerias".

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