A consolidação da estabilidade macroeconómica do país passa pelo reforço da qualidade das infra-estruturas do país, com vista a permitir as exportações de maior valor de produtos da pesca e outros produtos agrícolas, incluindo frutos tropicais e café, uma vez satisfeitas as condições básicas.
A afirmação foi feita terça-feira, em Luanda, pela directora-geral do Instituto Nacional de Infra-estruturas de Qualidade (INIQ), Olga Dicamba, no discurso de abertura do seminário "Train for Trade II”, no quadro do Programa Conjunto União Europeia (UE) e Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), que até amanhã eleva o nível de conhecimentos dos técnicos afectos ao Ministério da Indústria e Comércio sobre os procedimentos para a elevação da qualidade dos produtos nacionais.
Denominado Workshop de Formação Conjunta CNUCED-ISO sobre Infra-estruturas Nacionais de Qualidade para o sector agro-alimentar angolano, com enfoque na pesca, frutos tropicais e café, o certame é a fase conclusiva de um projecto que engloba as componentes técnica e formativa, orçado em cerca de 6,5 milhões de dólares financiados pelas duas organizações internacionais, com a finalidade de ajudar Angola a explorar o seu potencial de grande fornecedor de matéria-prima ao exterior.
O arranque dos trabalhos do certame, que decorre até amanhã numa unidade hoteleira, contou com a presença da responsável do Programa de Desenvolvimento Sustentável do CNUCED, Johanna Silvander, do director de Desenvolvimento das Capacidades do Secretariado da Organização Internacional para Padronização (ISO), Erich Kieck, do gestor de programas da Delegação da União Europeia em Angola e técnicos representantes das Ilhas Maurícias.
Olga Dicamba reiterou que é desejo de Angola desenvolver os sectores acima referidos no sentido de aumentar as exportações de peixe, em termos de variedades e também dos destinos de exportação. A nível mundial, o peixe é também um dos produtos alimentares mais comercializados.
"O nosso propósito é desenvolver um conjunto de acções com o propósito de alcançar níveis cada vez mais importantes da diversificação da economia, integração regional e promover as exportações, razão pela qual cá estamos novamente para honrar com os compromissos assumidos na base das recomendações saídas do seminário anterior”, frisou.
A directora-geral recordou que a economia mundial vem experimentando tempos difíceis, a confluência de uma pandemia global, de proporções incalculáveis, degradação ambiental e alterações climáticas, "com impacto sócio-económico, em particular nos países menos desenvolvidos, como é o caso de Angola, colocando desafios consideráveis nas perspectivas de crescimento e desenvolvimento do país”.
Para Olga Dicamba, essas crises tendem a dissipar muitos ganhos sócio-económicos obtidos ao longo de várias décadas. Consequentemente, a maioria das economias menos resilientes tem menos probabilidades de alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável preconizados pelas Nações Unidas.
"Estes desafios de desenvolvimento sem precedentes e de alta complexidade nos remetem a uma reflexão sobre o modelo de crescimento, impulsionado pelo comércio de mercadorias, bem como a dependência excessiva dos recursos naturais para o desenvolvimento, que expõem as economias, como a nossa, ao risco sistémico e vulnerabilidade estrutural”, avançou.
Terminou a dizer que com a população mundial prevista para atingir 10 mil milhões até 2050, prevê-se que a procura de peixe aumente substancialmente. Para além do consumo humano, prevê-se também que a necessidade de indústrias de recursos pesqueiros aumente devido à crescente procura de óleo de peixe e de ração animal, tendências que oferecem oportunidades valiosas para o comércio e produção pesqueira, particularmente para a aquicultura.
Fonte: Jornal de Angola
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