BNA sofre mais de 300 tentativas de ataques cibernéticos por dia


O Banco Nacional de Angola (BNA) detecta, diariamente, cerca de 350 tentativas de ataques cibernéticos no seu sistema financeiro, informou, quarta-feira, em Luanda, o governador da instituição, José de Lima Massano.

Numa intervenção proferida no I Fórum e Expo sobre Cibersegurança, organizado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, José de Lima Massano salientou que, desde 2020, o BNA tem registado um crescente número de ataques a nível da sua estrutura de protecção, pelo que, referiu, compreende cerca de 200 por cento nesse período.

Para o governador do BNA, ter esse ritmo de ataque no sistema e esse processo se manter resiliente como se tem observado, significa haver um trabalho que está a ser efectuado com um grau de sucesso assinalável por parte dos operadores do método financeiro.

José de Lima Massano avançou, entretanto, que o BNA tem de continuar a se proteger, pois, segundo o governador, para além do sistema de pagamentos que gere nacionalmente, também tem sob responsabilidade as reservas internacionais, que, conforme o responsável máximo do Banco Nacional, giram em torno dos 14 mil milhões de dólares.

Neste sentido, reafirmou a necessidade de haver, igualmente, um esforço considerável, quer do sistema de protecção, quer da preparação dos profissionais, mas também, disse, de soluções redundantes para qualquer eventualidade.

José de Lima Massano lembrou que, no passado, já houve bancos comerciais que sofreram ataques cibernéticos com um certo nível de sucesso de invasão, pelo que, sublinhou, dentro desse processo não teve perda de valor financeiro para depositantes.

Já do sistema financeiro do BNA, explicou, a operação teve que parar, uma vez que, merecia de custos, assim como os aplicativos que tiveram que ser levantados.

Por esse motivo, contou, não houve saída de recursos por essa via. Por outro lado, fez saber que o BNA tem um centro alternativo a que chama Continuidade de Negócio. Os bancos comerciais, contou, também têm o mesmo centro para eventualidade de qualquer situação de ataque.

Durante o encontro, que reuniu vários ministros, nomeadamente Mário de Oliveira, Vera Daves, João Baptista Borges e Manuel Nunes Júnior, e moderado pelo director da INFOSI, André Pedro, José de Lima Massano sublinhou que as soluções tecnológicas que o país possui no seu sistema financeiro não devem em nada àquilo que é verificado noutros países.

Isto porque, acrescentou, o que temos é uma indústria em que os sistemas, as soluções tecnológicas são muito partilhadas e os provedores não são os mesmos, sendo que são muito próximos e, neste caso, disse, permitiu que a esse nível a actualização fosse uma constante no modo financeiro angolano.

Neste contexto, afirmou que o sentido de preparação ou defesa de actualização, em particular dos profissionais, tem que ser uma constante, pois permite oferecer segurança e estabilidade ao sistema financeiro.

Aposta na formação interna

A ministra das Finanças, Vera Daves, regozijou-se com o facto de o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social ter assinado o memorando para a abertura da academia de cibersegurança para formação de quadros, sublinhando ser um marco importante, na medida em que o conhecimento fica mais perto.

Vera Daves referiu que temos de ser donos do nosso sistema e da nossa infra-estrutura e isso, explicou, só é possível com formação e um quadro que nos permita agir com agilidade e flexibilidade.

"Devemos apostar nas nossas pessoas e no talento interno, construindo parcerias de sucesso em que o conhecimento fique. Parcerias que estejam verdadeiramente interessadas em transferir conhecimento para as nossas pessoas e não alimentar dependência de longo prazo”, disse a ministra.

Vera Daves referiu que a entrada e informação são coisas que devem ser monitorizadas e apostadas bastante na cooperação internacional, pois não são poucas as vezes em que os ataques envolvem movimentos transnacionais. Em face disso, salientou que a cooperação internacional é importante para esse processo de endereçar esses desafios.

Desafios da cibersegurança

O especialista certificado pela Academia Nacional de Cibersegurança portuguesa da Partner da ITGest, Flávio Carpinteiro, afirmou que a questão do cibercrime tem sido um desafio muito grande, sendo que, disse, cada vez mais o nível de ataque e a evolução deste é maior.

Para dar resposta a esses ataques, Flávio Carpinteiro salientou haver um órgão já criado em Angola que tem olhado para os desafios que a cibersegurança traz.

Por isso, sublinhou que a actuação da equipa tem sido abrangente e que, por conseguinte, vai actuar na banca e em outros sectores, uma vez que hoje as instituições estão inclinadas no mundo digital. "A equipa está preparada e em constante desenvolvimento. E já há soluções implementadas. Podemos implementar o nosso trabalho com parceria. Estamos abertos a isso. Temos a capacidade e liberdade de gerir como pretendemos e olhamos para o mercado numa lógica de parcerias e não tanto de fornecedor/cliente”, disse.

Fonte: Jornal de Angola

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