Cinco cabeças de gado bovino foram devoradas, sexta-feira, por leões, no município do Dirico, a mais de 700 quilómetros da cidade de Menongue, província do Cuando Cubango.
O porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros no Cuando Cubango, Albano Cutarica, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o primeiro ataque ocorreu no bairro Nutemwangue, a 45 quilómetros da sede municipal do Dirico, nas margens do rio Cubango, onde foram devoradas duas cabeças de gado bovino.
Albano Cutarica acrescentou que o outro caso ocorreu na aldeia Machemeno, nas margens do rio Cuito, também a 45 quilómetros da sede municipal do Dirico, onde os leões devoraram três cabeças de gado e os criadores foram obrigados a fugir.
No dia 26 de Junho deste ano, recordou, os leões devoraram três bovinos nos bairros Cutunga e Cangongo, a quatro e 35 quilómetros, respectivamente, da sede comunal do Mucusso, assim como duas cabeças, nos bairros Mpango, a 12 quilómetros a leste da sede comunal de Xamavera-Tune.
Segundo Albano Cutarica, os ataques de leões no município do Dirico, a mais de 700 quilómetros da cidade de Menongue, estão a preocupar as autoridades administrativas, a população e os criadores de gado, que são aconselhados a se afastarem das áreas de transumância e/ou habitat natural de animais ferozes.
Os leões no município do Dirico, explicou, estão a atacar, preferencialmente, cabeças de gado bovino, deixando os criadores fugirem sem serem perseguidos.
Na semana passada, fez saber, registou-se, igualmente, no município do Dirico, a destruição de dez hortas por hipopótamos, que correspondem a sete hectares.
Habitantes apavorados
Habitantes do município do Dirico estão apavorados com os constantes ataques de leões, que estão a se aproximar das residências, principalmente nas comunas do Xamavera-Tune e do Mucusso.
O Jornal de Angola apurou que, devido à situação, o governador do Cuando Cubango, José Martins, orientou a criação de uma equipa técnica, que está a trabalhar com as autoridades municipais, comunais e líderes comunitários do Dirico, para se encontrar soluções que visam inverter o quadro.
O director do Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Júlio Bravo, informou que localidades de Catunga, Gongo, Tchova, Tchiamutué e Mavamba são as mais afectadas por ataques de leões.
Sem revelar o número de cabeças de gado já devorado, Júlio Bravo fez saber que no município do Dirico, que dista a cerca de 700 quilómetros da cidade de Menongue, existem muitos leões, hipopótamos e outros animais selvagens, por ser uma área potencialmente rica em termos de recursos faunísticos.
Júlio Bravo realçou que por este facto é que se registam, também, muitos casos de ataques de hipopótamos contra pessoas que fazem a travessia do rio Cubango e de devastação de campos de cultivo, sobretudo de culturas de tomate, couve e repolho.
"Estes animais são protegidos e não devem ser abatidos, no âmbito do comprometimento do Executivo com países membros do Projecto Transfronteiriço de Conservação Ambiental Okavango/Zambeze (KAZA), nomeadamente o Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe”, sublinhou.
Júlio Bravo acrescentou que se regista a reprodução de muitos animais selvagens na província do Cuando Cubango, com realce às áreas afectas ao projecto KAZA, nos municípios do Cuito Cuanavale, Dirico, Mavinga e Rivungo, devido à paz que se regista, após um longo período de conflito armado no país.
Em localidades de Menongue e Cuangar, referiu, a maior preocupação tem a ver com ataques de jacarés, que continuam a vitimar muitas pessoas que frequentam rios para tomar banho, acarretar água, lavar roupa e utensílios de cozinha.
O Executivo, explicou, está preocupado com os crimes ambientais, que tendem a crescer, sobretudo a caça furtiva que é um facto na província do Cuando Cubango, onde muitas espécies de animais são abatidas diariamente por caçadores furtivos, assim como a exploração ilegal de recursos florestais.
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