Ocorreram no Brasil 205 violações sexuais por dia em 2022


O Brasil registou, em 2022, o maior número de violações da istória do país, com 74.930 casos denunciados, uma média de 205 violações por dia, segundo um relatório anual divulgado ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ao qual o Globo teve acesso.

Segundo os dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a subida foi de 8,2% em comparação com o ano anterior, quando foram registados 69.886 casos de violação sexual. O levantamento considera casos de ocorrências que foram informados às autoridades policiais. Como nem todos são registados, pode haver subnotificação.

O total de 74.930 casos de violência sexual contra mulheres está dividido em 18.110 violações de pessoas adultas e 56.820 violações de vítimas menores de idade. O relatório apontou que seis em cada dez vítimas (ou 61,4%) deste crime no Brasil têm até 13 anos e 10,4% têm menos de 4 anos.

Cerca de oito em cada dez vítimas de violência sexual no Brasil eram menores de idade, ou seja, tinham menos de 18 anos. Na faixa dos 14 aos 17 anos, a maior parte das violações ainda é de pessoa vulnerável e acontece em situações em que a vítima não é capaz de oferecer resistência.

O perfil das vítimas de violação sexual indica que 88,7% são do sexo feminino, 11,3% do sexo masculino. A maioria são pessoas negras (56,8%), seguido de brancas (42,5%), 0,5% indígenas e 0,4% descendentes de asiáticos. Os dados recolhidos apontam que a maioria destes crimes acontece dentro da casa das vítimas (68,3%), enquanto 9,4% aconteceram em vias públicas.

Entre as vítimas com menos de 13 anos, 86,1% das violações são cometidas por pessoas conhecidas, e 64,4% dos agressores são familiares. Já entre as vítimas com mais de 14 anos, 77,2% das violações são cometidas por pessoas conhecidas e 24,3% por parceiros próximos.

Os feminicídios também tiveram um aumento de 6,1% no Brasil entre 2021 e 2022. Em 2021, foram 1.347 casos e, em 2022, o montante subiu para 1.437 casos. Entre os casos registados de violência doméstica contra mulheres, o número saltou de 237.659, em 2021, para 245.713 em 2022. O Anuário Brasileiro de Segurança é realizado desde 2007 e produzido com dados e indicadores oficiais recolhidos junto das secretarias de segurança dos 27 estados brasileiros. Na edição divulgada na quinta-feira, a taxa de mortes violentas caiu, mas cresceram todos os indicadores de violência doméstica e de violência contra a mulher.

As burlas, por seu lado, mais que triplicaram em cinco anos no Brasil, onde os golpes virtuais também dispararam, particularmente após a pandemia de Covid-19, revelou esta quinta-feira um relatório anual divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo os dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que traz informações oficiais registadas pelas secretarias de segurança dos 27 estados do país, o número de crimes tipificados como burla (estelionato) subiu em 2018 de 426.799 registos para 1.819.409 em 2022.

São Paulo, estado que concentra a maior economia e a maior população do Brasil, teve o maior número destes tipos de crime em 2022. Foram 638.629 golpes registados em 2022, face a 382.110 em 2021. Na comparação ano a ano, aconteceram 649,9 burlas a cada 100 mil habitantes no Brasil em 2021, número que saltou 37,9% para 896 burlas a cada 100 mil habitantes em 2022.

Segundo os dados, três brasileiros foram vítimas de golpe a cada minuto em 2022. O maior crescimento ocorreu entre pessoas que sofreram golpes por meio electrónico, que se caracterizam pelo uso de redes sociais, contactos telefónicos ou o envio de emails para induzir a pessoa à fraude.

Segundo o mesmo levantamento, foram registados 200.322 casos desse tipo de crime pelas vítimas em 2022 no Brasil face a 120.470 registos compilados em 2021, números que indicam um aumento de 66,2%.

Lula critica ausência de discussão sobre a fome

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou esta quinta-feira o facto que a fome e a pobreza não tenham sido discutidas durante a recente cimeira da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia, em Bruxelas. O Presidente brasileiro assegurou que a comunidade internacional poderia acabar com a fome se os mais de dois biliões de dólares que o mundo gastou em armamento desde o início da guerra na Ucrânia fossem alocados para esse fim.

O benefício que se traz é a morte de outros, o benefício que isso traz é a destruição de outros", afirmou Lula, durante um evento no Palácio do Planalto, em Brasília, de apresentação de um programa alimentar. "A fome é uma coisa que não se discute. A pobreza é uma coisa que não se discute”, criticou.

Nesse sentido, Lula da Silva propôs aos países europeus um "compromisso” de perdoar as dívidas dos estados africanos para que pudessem usar os recursos para combater a fome. Os programas apresentados por Lula da Silva esta quinta-feira estabelecem que um mínimo de 30% das compras públicas de alimentos será comprado de pequenos agricultores ou cooperativas e depois canalizado para escolas públicas, hospitais federais, exército e ministérios.

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