EUA: Sector Automóvel domina as presidenciais de 2024

  


O apoio do principal sindicato da indústria automóvel norte-americana e as preocupações dos trabalhadores com a introdução dos veículos eléctricos converteram-se em epicentro de uma campanha eleitoral antecipada entre os mais prováveis candidatos presidenciais, Joe Biden e Donald Trump.

O poderoso sindicato norte-americano que representa os trabalhadores do sector Automóvel, Aeroespacial e Agrícola (UAW) encontra-se em greve há duas semanas, exigindo um aumento salarial, mais benefícios e menos horas de trabalho, mobilizando milhares dos seus inscritos, numa acção que de imediato suscitou o apoio dos dois partidos nos EUA.

Na última semana, a greve automóvel nos EUA, ainda sem fim à vista, conseguiu o facto inédito de levar um Presidente a integrar um piquete de greve, e Joe Biden aproveitou para fazer campanha, com resposta imediata de Donald Trump, que esta semana voltou a falar num debate entre os candidatos à nomeação eleitoral pelo Partido Republicano.

Joe Biden visitou o estado de Michigan na última terça-feira, onde se localizam algumas das mais importantes fábricas de automóveis da maior economia mundial, para participar num piquete de greve, numa acção inédita, recordando os esforços nos bastidores da Casa Branca para ajudar os trabalhadores a conseguir as exigências.

"Já me ouviram dizer isto muitas vezes: não foi Wall Street quem construiu este país. A classe média construiu este país. E os sindicatos criaram a classe média. (...) Vocês merecem o que conseguiram e merecem mais do que estão a receber agora", disse Biden, perante os aplausos de centenas de trabalhadores à porta de uma fábrica da General Motors, em Belleville, Michigan.

Administração americana à beira do encerramento

Os Estados Unidos da América estão a aproximar-se cada vez mais de um encerramento dos serviços federais, que pode ter consequências económicas graves, devido aos congressistas republicanos apoiantes do ex-Presidente Donald Trump.

A partir de hoje, a Administração Pública dos Estados Unidos fica, tecnicamente, sem financiamento, o que vai provocar o encerramento da maioria das agências governamentais, museus e parques nacionais [o designado 'shutdown'], além de 1,3 milhões de militares e centenas de milhares de funcionários vão deixar de receber salário.

O banco Goldman Sachs já estimou que, a acontecer, o 'shutdown' vai reduzir o produto interno bruto dos EUA entre 0,15 e 0,20 pontos percentuais por cada semana que dure. No entanto, apesar das graves consequências, um acordo parece afastado.

A primeira razão para isso, é a rebelião da ala seguidora de Trump, que contestam o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy. Muitos membros desta ala opuseram-se à nomeação de McCarthy como líder da maioria republicana na Câmara em Janeiro e, inclusive, estabeleceram condições para a sua nomeação, como a possibilidade de qualquer eleito poder convocar uma votação para o destituir.

Além disso, para conseguir ser eleito líder da maioria republicana na Câmara, McCarthy comprometeu-se a reduzir a despesa do Governo de Joe Biden. Mas, em Junho, quando os EUA estavam à beira de uma crise da dívida soberana, McCarthy acordou com Biden a possibilidade de o Governo federal continuar a recorrer a empréstimos, em troca de limites em rubricas específicas.

Os próximos de Trump sentiram-se traídos e agora querem mais cortes. Em particular, pretendem limitar a despesa pública para o ano fiscal 2024 [01 de Outubro - 30 de Setembro] a 1,47 mil milhões de milhões de dólares, o que representa um corte superior em 120 mil milhões ao acordado.

Estes apoiantes do ex-Presidente Trump podem pressionar McCarthy porque os republicanos têm uma maioria muito estreita na Câmara, o que leve o seu líder a precisar do apoio de todos para aprovar qualquer medida.

O resultado desta dependência é uma posição fraca de McCarthy. Nos últimos meses, tem feito concessões a este grupo, como o julgamento político de Biden, com vista ´+a sua destituição ['impeachment']. Mas nada parece satisfazer o grupo.

Na última sexta-feira, McCarthy procurou aprovar um projecto de lei que permitirá financiar o Governo federal durante mais um mês, mas que tinha cláusulas de limite a programas de asilo e cortes em todas as rubricas, com excepção da segurança fronteiriça.

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