Campanha de reflorestação permite a plantação de um milhão de mangais na orla marítima do país

Os dados foram tornados públicos, ontem, em Luanda, pela presidente da Otchiva, Fernanda René, durante uma campanha de limpeza e sensibilização, que decorreu ao longo da orla marítima e nas áreas reservadas aos mangais.

Segundo Fernanda René, em Angola, desde 2019, existem mangais em várias áreas costeiras, mas muitos foram destruídos e precisam urgentemente de restauração e protecção. 

"É necessário que, nos planos de desenvolvimento do país, os governos provinciais incluam a protecção dos habitats naturais, como as zonas húmidas e as áreas reservadas aos mangais”, disse.

Fernanda René acrescentou que a destruição dos mangais e replantação em outros locais normalmente não são opções viáveis, daí ser necessário a mudança de atitude e comportamento em relação à biodiversidade marinha.

Lembrou que em Angola grande parte dos mangais foi destruído, nos últimos anos, para dar lugar a construções ou transformados em destino final para entulho de lixo diverso das grandes cidades.

A presidente da Otchiva indicou que iniciativas do género ajudam a restaurar os mangais, mas é ainda mais importante parar de os destruir, daí que os governantes devem desempenhar um papel mais activo com penalizações.

"Os mangais são o berçário da vida marinha, ou seja, 80 por cento de todas as espécies que o homem captura de valor comercial desovam nos mangais, a maternidade da vida marinha”, disse.

A campanha de limpeza e sensibilização juntou centenas de voluntários das províncias do Bengo, Bié, Cabinda e Malanje, a par de governantes, políticos, religiosos, estudantes, escuteiros, pescadores, moradores e bombeiros voluntários. 

Durante o acto, o vice-governador de Luanda para o Sector Financeiro, Gilson Carmelino, disse ser urgente a tomada de consciência e medidas punitivas contra os agressores das zonas reservadas.

"O Governo da Província de Luanda gizou um programa que visa, entre outras acções, a demolição das infra-estruturas ilegais construídas ao longo da orla marítima, sobretudo na zona dos mangais”, disse.

O governante avançou que, nos próximos dias, vão acontecer acções concertadas com as administrações municipais, fiscalização e parceiros do ambiente, no sentido de um maior envolvimento da sociedade na preservação dos mangais.

Gilson Carmelino deu a conhecer, no entanto, que a preservação, manutenção e o uso sustentável da orla marítima deve ser incutida desde   tenra idade, para que possamos viver em paz ambiental.

Realçou que o planeta terra é o único que temos para viver e desenvolver actividades múltiplas, daí a necessidade urgente na tomada de decisões para deixá-lo cada vez melhor.

Projectos

Indicou que, no âmbito da sua actividade, o governo da província, para a preservação da zona costeira e dos mangais, vai retirar todas as obras que estejam dentro do perímetro reservado à preservação da vida marinha.

O vice-governador fez saber que, após as demolições, as áreas afectadas vão beneficiar de um melhor aproveitamento de forma ecológica e sustentável, para o bem comum que se pretende nos dias de hoje.

Importância dos mangais

Os mangais são mais eficientes a absorver e armazenar grandes quantidades de dióxido de carbono, em comparação com outros ecossistemas terrestres, daí serem o alimento e local de reprodução de milhares de espécies marinhas e aves.  

Ajudam a estabilizar o solo e prevenir a erosão das linhas costeiras, têm inúmeros benefícios, incluindo ecológicos e económicos, funcionando como um berçário marinho. 

Os mangais providenciam a protecção e alimento para peixes e diversos invertebrados, como crustáceos e moluscos, o seu sistema de raízes ajuda a estabilizar o solo, prevenindo a erosão nas linhas costeiras.

Desafios e soluções 

Mundialmente, segundo dados da ONU, os mangais têm sido destruídos devido à exploração da madeira e minerais, particularmente para fins comerciais. 

 Fernanda René revela que em Angola os mangais enfrentam uma destruição em massa, devido ao desenvolvimento económico e social do país, que raramente abrange a conservação ambiental. 

Citou como exemplo os mangais do Lobito, que antigamente abrigavam inúmeras espécies de aves, especialmente os Flamingos, que, nos dias de hoje, encontram-se num estado avançado de destruição.

"Muitos locais com mangais tornaram-se o destino final de entulhos e esgotos de cidades, bem como enfrentam poluição de resíduos sólidos e líquidos, como o derramamento de petróleo e outros químicos", revelou.  

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